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Ep. 1 João Frias – Plástico no mar dos Açores ameaça a vida marinha

November 21, 2016


A investigação de João Frias, engenheiro do ambiente no IMAR/MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente na Universidade dos Açores, tem como foco monitorizar a ingestão de plásticos por diferentes membros da cadeia alimentar, desde peixes a aves marinhas, como os cagarros açoreanos.


O Azorlit é um projeto com o objetivo de criar uma base de referência para o lixo marinho nos Açores, centrado não só na acumulação de lixo nas ilhas do arquipélago, mas também na ingestão de plásticos por diferentes espécies locais, como tartarugas, cagarros ou peixes, na identificação de lixo em fundo marinho, e no desenvolvimento de programas de educação ambiental.

Segundo o investigador João Frias, a ingestão de plástico tem consequências graves para as aves marinhas, “pois o estômago, ou a moela, vai ficando reduzida devido ao excesso de plástico, o que pode causar falta de nutrientes”. O plástico pode também levar à perfuração de órgãos internos e à morte do animal.

“Cerca de 15 por cento do lixo marinho encontra-se nas zonas costeiras, 15 por cento  a flutuar à superfície e os restantes 70 por cento a acumular-se no fundo do mar. Dependendo do contacto que têm com a salinidade da água do mar e com a exposição solar, podem ter tempos de degradação distintos”, refere. O plástico pode demorar entre a 100 a 600 anos a degradar-se nos oceanos.

Para além dos cagarros, neste estudo foram também analisados conteúdos gastrointestinais (esófago, estomâgo, intestinos) de tartarugas da espécie Caretta caretta, nas quais também se encontrou plástico. As tartarugas são especialmente vulneráveis a esta fonte de poluição pois têm tendência para confundir sacos de plástico com medusas, que fazem parte da sua alimentação.

Praia de Porto Pim com Alta Densidade de Plástico

Na Ilha do Faial, o Azorlit analisou o caso particular da praia de Porto Pim. “Esta praia faz uma baía semi-fechada que tem tendência para acumular lixo e plástico que vem do mar. No inverno é bastante preocupante, pois encontramos densidades de 700 partículas por metro quadrado. Este é um número bastante elevado quando comparado com o continente ou com outros casos de estudo no mundo inteiro, e em particular na Europa”, salienta o investigador.

“No Verão esta praia é limpa diariamente mas, tanto nas linhas da maré alta como fora dessa zona, encontra-se uma elevada densidade de particulas de plástico. São partículas bastante pequenas, entre 2 a 5 mm de diâmetro. São pequenas mas têm um impacto muito grande, pois têm a capacidade de absorver poluentes à superfície e esses poluentes podem passar ao longo da cadeia trófica.”

O projeto AZORLIT – Establishing a Baseline on Marine Litter in the Azores, surge de uma parceria entre a IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza), o IMAR (Instituto do Mar), o OMA (Observatório do Mar dos Açores) e a DRAM (Direção Regional dos Assuntos do Mar).

Saiba mais sobre o investigador em: LinkedIn | ResearchGate | MARE 

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