Este projeto recorre a dados recolhidos através de inquéritos com o objetivo de determinar o valor provável de pessoas infetadas por COVID-19 num determinado país.
Carlos Baquero, investigador no INESC TEC e professor na Escola de Engenharia da Universidade do Minho (EEUM), está a desenvolver o projeto Coronasurveys, uma iniciativa internacional promovida pela rede Idea Networks, com o objetivo de oferecer métodos para estimar o número provável de casos de COVID-19 em diferentes países.
Este projeto faz a estimação do número de casos prováveis de COVID-19 com base em dois métodos estatísticos. O primeiro recorre a uma técnica chamada de network scale up, uma técnica de inquérito que pergunta aos inquiridos quantas pessoas conhecem das quais conhecem o estado de saúde, e dessas pessoas, quantas é que foram diagnosticadas com COVID-19 ou apresentaram sintomas compatíveis com a doença.
Depois, para verificar se os resultados obtidos através desta técnica eram válidos, os mesmos eram confrontados com os valores de outra técnica independente com base na mortalidade real desta doença.
Na fase atual do projeto o inquérito já foi traduzido para dezenas de linguagens, em mais de 150 países.
“Muito recentemente passámos a ter apps, quer para o sistema Android, quer para o sistema iOS, que podem ser obtidas através de coronasurveys.org. Em termos de evolução futura estamos agora a tentar trabalhar em estimadores para o número de casa ativos em tempo-real”, revela.
O objetivo do Coronasurveys é tentar estimar o número de casos que provavelmente estarão ativos em relação com os casos detetados oficialmente. A diferença entre estes dois valores terá como resultado o número de casos não detetados.
É importante conhecer quantos casos não detetados se mantêm ativos, pois são estes os principais transmissores da doença.
Com este conhecimento será possível ter um mapa com um estimador para os vários países do Mundo com o intuito de acompanhar a evolução deste indicador.
Os resultados preliminares deste estudo demonstraram que na primeira fase da pandemia em Portugal os casos reais eram cerca do triplo dos casos detetados. Com o aumento do número de testes realizado, a diferença entre os casos reais e os casos detetados é, hoje em dia, cada vez menor.
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