Olhar para o ecossistema do Montado de Sobreiro como um todo e coordenar esforços entre as diferentes atividades agrícolas e pecuárias ali existentes, é um passo necessário para a preservação deste ambiente típico da região alentejana.
Nuno Ribeiro, investigador no Instituto de Ciências Agrárias e Ambientais Mediterrânicas (ICAAM) e professor na Universidade de Évora, está já há vinte anos a estudar o montado de sobreiro e de azinho e a desenvolver métodos mais eficazes de proteção destes ecossistemas.
“Há 20 anos quando começamos a fazer os primeiros trabalhos fizemo-lo centrado em áreas onde tínhamos eventos de mortalidade de sobreiros. Juntamente com a Associação de Produtores Florestais de Coruche, tornou-se relevante estatisticamente que havia uma ação que era a mobilização do solo que parecia estar relacionada com o início do evento de mortalidade”, conta.
Para o investigador a mobilização do solo, uma prática agrícola com o objetivo de descompactar o solo, e de promover a permeabilidade e o arejamento do mesmo, quando feita de forma errada, tem um impacto muito forte na mortalidade dos sobreiros e das azinheiras.
“Já percebemos a implicação que a mobilização tem nos sistemas radiculares dos sobreiros e das azinheiras, já temos capacidade tecnológica para explorar estes sistemas sem perturbar as raízes, nomeadamente modificando a utilização das alfaias substituindo estas por corta-matos”, explica.
Além desta solução, Nuno Ribeiro salienta ainda a importação de aplicar novos métodos de pastagem inteligente: “Já existem formas de pastoreio inteligente com a utilização de animais. Cães que treinam vacas a evitar os sobreiros, por exemplo. É possível educa-las a não perturbar os sobreiros.”
“Há muitas tecnologias hoje disponíveis que permitem fazer um planeamento cuidado de como e quando devemos intervir, como e quando devemos movimentar os nossos animais para que tenhamos sempre os ciclos de regeneração necessários para manter o sistema sustentável, tanto a nível do montado de sobro como o montado de azinho”, conclui.
Saiba mais sobre o investigador em: Researchgate | U. Évora
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