A construção de novos telescópios e o desenvolvimento de tecnologias de análise e caracterização de atmosferas planetárias permitem-nos conhecer em mais pormenor os planetas que existem fora do Sistema Solar. Ao analisarmos as diferenças entre as atmosferas da Terra e de Vénus, vai ser possível perceber quais desses exoplanetas têm o potencial de se revelarem gémeos da Terra.
Pedro Machado, investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), dedica a sua investigação ao estudo de atmosferas planetárias.
“Está a começar uma grande nova aventura que é o estudo dos planetas que orbitam outras estrelas, os exoplanetas. Com o advento de instrumentos de muito maior precisão, com a construção de novos telescópios de grandes dimensões, e de telescópios espaciais para estudarem exatamente estes exoplanetas, está-se a entrar numa nova era, que é a possibilidade de caracterizar, de estudar em detalhe, as atmosferas destes exoplanetas”, contextualiza.
Para o astrofísico, uma das estratégias de estudo destes planetas recém-descobertos passa por usar o conhecimento que temos sobre o nosso Sistema Solar para ajudar a enquadrar melhor os casos científicos observáveis, e caracterizar com maior precisão a natureza da atmosfera destes planetas.
“O que se pode estudar nas atmosferas dos exoplanetas? Uma das coisas que diria que faz muito sentido é, por exemplo, estudar a diferença entre Vénus e a Terra e como é que ao ver de longe, de tão longe, a anos-luz de distância, o que é que nós podemos verificar de maneira a poder destrinçar se um exoplaneta idêntico à Terra, em termos de tamanho, é um planeta tão acolhedor como a Terra ou se é uma fornalha gigantesca em que chove ácido sulfúrico como Vénus que é uma espécie de Inferno”, conclui.
A capacidade de distinguir entre os planetas gémeos da Terra e aqueles que se assemelham mais com o nosso vizinho Vénus, é um passo importante para a gestão de recursos no desafio que é descobrir um planeta fora do Sistema Solar com as condições ideais para a vida se desenvolver.
Saiba mais sobre o investigador em: Researchgate | IA
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