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Ep. 182 César Garcia – Coleções de sementes em herbários ajudam a conhecer efeitos das alterações climáticas na biodiversidade

August 02, 2017

ep182_interiorEstudar a evolução de plantas como os musgos, as hepáticas e os antóceros em Portugal permite identificar o impacto que as alterações climáticas estão a ter na dispersão destas espécies e na biodiversidade dos seus ecossistemas.​


César Garcia, investigador do Centro de Ecologia e Alterações Ambientais (CE3C) da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), é taxonomista e usa a coleção de plantas do herbário do Museu Nacional de História Natural e da Ciência (MUHNAC) como base para a sua investigação.

“As coleções biológicas nas quais estão as coleções de plantas e que são os herbários são fundamentais para a minha investigação. Sou taxonomista, trabalho com briófitos que são os musgos, as hepáticas e os antóceros, e os herbários são muito importantes para a conservação pois com eles temos conhecimento sobre os sítios exatos onde as espécies estão, onde já estiveram, e podemos ir à sua procura novamente nesses locais”, explica.

As coleções em herbário guardam informação sobre os locais de colheita, como as coordenadas geográficas, a elevação e o tipo de relevo. Ao estudar esta informação, é possível encontrar potenciais áreas onde uma determinada espécie pode vir a existir.

César Garcia dá como exemplo os ecossistemas da cidade de Lisboa. “Estudamos Lisboa já há muitos anos, e conseguimos saber a cobertura das espécies e a sua frequência. Temos notado que algumas espécies estão a diminuir e outras estão a aumentar. E há uma aqui em Lisboa que está a aumentar consideravelmente em termos de cobertura e em termos de frequência e nós pensamos que isto tem a ver com alterações ambientais que estão a surgir aqui dentro da cidade, mas não é só dentro da cidade que isso acontece”, conta.

Segundo o investigador, as espécies de briófitos em Portugal estão a ser afetadas pelas alterações climáticas, com algumas espécies a reduzir a sua área de expressão, enquanto outras prosperam. “Pensamos que devido às alterações ambientais, somente o aumento de temperatura, que uma espécie está a aparecer em novos locais e nos locais em que essa espécie ocorria está a aumentar a sua cobertura. E como é que nós sabemos isso? Temos a informação toda em bases de dados e os espécimes em herbário”, esclarece.

Com uma vasta coleção de espécimes colhidos há mais de vinte anos, com origem em muitas áreas do país, é hoje possível recorrer aos herbários com o objetivo de avaliar o estado de uma determinada população de briófitos e, também, prever como a dispersão da espécie vai evoluir num futuro próximo.

Saiba mais sobre o investigador em: LinkedIn | ResearchGate | CE3C

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