Desenvolvido após o 25 de Abril com o objetivo de suprir a falta de habitação em Portugal, o serviço SAAL destacou-se pela possibilidade de dar aos cidadãos a oportunidade de fazerem parte do processo de desenho da sua habitação.
José António Bandeirinha, professor na Universidade de Coimbra (UC) e investigador no Centro de Estudos Sociais (CES) da mesma universidade, estudou o Serviço de Apoio Ambulatório Local (SAAL), com foco particular na arquitetura das habitações e projetos desenvolvidos no âmbito deste programa.
“O Serviço SAAL, Serviço de Apoio Ambulatório Local, foi um serviço criado logo após o 25 de Abril, instituído por um despacho ministerial que visiva incidir sobre o problema da carência de habitação em Portugal”, explica.
Segundo José António Bandeirinha, este programa pressupunha que “em primeiro lugar os moradores fossem os autores autónomos da vontade de ter uma habitação e portanto a decisão era deles, não era de alguém que está de fora e que diz vocês não podem estar aqui têm que ir para outro sítio. Depois procurava que essas operações de beneficiação do local de habitação fossem acompanhadas por um arquiteto”, e é neste acompanhamento que surge o interesse do investigador.
“Este processo foi muito participado, houve 169 operações SAAL em todo o país, e em cerca de 50% dessas operações houve intervenção, houve obra, houve projeto de arquitetura. Houve projeto em quase todas, mas obra mesmo houve em cerca de 50%”, refere.
José António Bandeirinha reforça a vontade de ouvir as preocupações e os desejos dos moradores como a principal valência deste serviço. “Estas são apenas algumas das características essenciais do processo, tem muitas outras, mas esta para mim é das mais importantes e foi por isso que eu a reafirmei, ou seja a vontade autónoma dos moradores é que determina a melhoria das suas condições habitacionais e não a vontade autónoma de quem está perto deles e não gosta do cheiro, passe a expressão”, conclui.
Como parte da sua investigação, José António Bandeirinha coordenou a exposição O Processo SAAL Arquitectura e Participação 1974-1976, comissariada por Delfim Sardo e organizada pelo Museu de Arte Contemporânea de Serralves em colaboração com o Canadian Centre for Architecture, Montréal, Canadá, que esteve patente entre 2014 e 2015.
Saiba mais sobre o investigador em: Linkedin | CES
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