Com menos de dois centímetros de comprimento este fóssil traz mais uma pista sobre a biodiversidade dos oceanos pré-históricos, numa era anterior à evolução dos primeiros dinossauros.
Artur Sá, professor na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e investigador no Centro de Geociências da Universidade de Coimbra (UC), participou na designação desta nova espécie caracterizada por Sofia Pereira, aluna de doutoramento da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL).
Há 455 milhões de anos a Terra era um planeta bem diferente daquele que hoje conhecemos. As rochas que um dia viriam dar lugar ao concelho de Mação, no distrito de Santarém, pertenciam naquela época ao fundo oceânico de um mar que ocupava latitudes no hemisfério sul, semelhantes àquelas onde hoje podemos encontrar a Antártida. Era nesse ambiente que habitava a Radnoria guyi, nome científico desta nova espécie de trilobite.
As trilobites eram artrópodes marinhos muito comuns nos oceanos do Paleozoico. As primeiras trilobites surgirem há cerca de 521 milhões de anos, tendo vivido durante 270 milhões de anos até à sua extinção no período Pérmico. “Quando falamos de trilobites, falamos de antepassados das lagostas atuais, dos camarões e dos caranguejos. Era um artrópode marinho que tinha o corpo segmentado longitudinalmente em três lóbulos, daí a denominação trilobite”, explica Artur Sá.
“A Radnoria guyi era uma trilobite muito pequena, ela tem menos de dois centímetros de comprimento, e muito diferente, por exemplo, das trilobites de Arouca que são as maiores do Mundo e que chegam praticamente aos 90 centímetros de comprimento. Esta trilobite diferencia-se das outras através de um conjunto de características morfológicas que permitiram verificar que tinha de ser naturalmente uma nova espécie. Tinha que ser diferente pelo formato das estruturas corporais e pelo número de segmentos, que nos permitiu diferenciar esta trilobite das outras do mesmo género Radnoria”, acrescenta.
Holótipo Radnoria guyi; Créditos Foto: Sofia Pereira
Esta nova espécie é batizada de Radnoria guyi em homenagem ao paleontólogo amador francês que a descobriu, e que ofereceu o fóssil às coleções paleontológicas do Museu de Geologia da UTAD, com indicações sobre o local do achado onde, posteriormente, foram recolhidos mais exemplares para o estudo agora efetuado.
“Ele teve a amabilidade de nos fornecer o primeiro exemplar para nós estudarmos e com base nisso conseguimos encontrar outras partes de outros fósseis da mesma espécie, e assim definir essa espécie. Fazia todo o sentido que tivéssemos imortalizado essa pessoa no nome científico que atribuímos à nova espécie”, conclui.
Saiba mais sobre o investigador em: Degois | Linkedin | Academia.edu
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