Este estudo pretendia perceber qual o efeito da poluição nos estuários de rios portugueses para algumas espécies de peixes.
João Soares Carrola, professor auxiliar na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e investigador no Centro de Investigação e Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB), observou que os machos de algumas espécies de peixe apresentavam características femininas.
“A nossa equipa estudou uma série de estuários no norte e no centro do país, principalmente o Lima, Douro, Ave e o Mondego, e mais recentemente também estivemos a estudar o Tejo”, contextualiza o investigador. O objetivo principal deste projeto era tentar perceber qual é o efeito da poluição nesses estuários, através do estudo de várias espécies de peixes, particularmente a soalha e a tainha, “que são espécies que abundam nestes estuários e que são boas espécies bioindicadoras”.
Para conseguirem alcançar o objetivo principal, a equipa de investigação começou por estudar a frequência e a percentagem de peixes com feminização. A tainha em particular é uma espécie caracterizada por se alimentar junto aos esgotos e dessa forma acaba por ser mais afetada por contaminantes que possam ser transportados por esses efluentes. Um dos compostos que pode ser mais problemático é um metabólito da pílula contracetiva, o etinilestradiol. Trata-se de um composto estrogénico potente e que pode provocar a feminização dos peixes machos.
“Os peixes expostos em determinadas fases das suas vidas a esses compostos vão desenvolver uma série de características sexuais femininas, como por exemplo produção de vitelogenina em peixes macho, que é normalmente utilizada para matéria-prima da produção de ovos e só produzidas por fêmeas, e por outro lado esses peixes podem também desenvolver oócitos no testículo”, explica João Carrola. Tanto a tainha como a solha são espécies gonocóricas, ou seja, são espécies que se nascem fêmeas ou machos assim se mantêm o resto das suas vidas, pelo que não é normal que os peixes machos adquiram características femininas.
Saiba mais sobre o investigador em: Linkedin | DeGois
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