Nanodispositivos de óxido de grafeno podem ser utilizados na entrega de fármacos a células específicas, estando atualmente a ser testada a sua aplicação no tratamento de cancro da mama.
Ilídio Correia, investigador no Centro de Investigação em Ciências da Saúde (CICS) da Universidade da Beira Interior (UBI), está também a estudar a possibilidade de usar estes nanodispositivos em conjunto com radiação infravermelha, de forma a otimizar o processo de entrega de fármacos.
“Uma das áreas que estamos a desenvolver no nosso grupo de investigação visa o desenvolvimento de nanodispositivos para efetuar a entrega de fármacos a células cancerígenas. O desenvolvimento de nanodispositivos vai-nos permitir encapsular fármacos anticancerígenos no interior destes dispositivos”, conta.
“Este sistema tem a vantagem de ser responsivo a um determinado comprimento de onda, neste caso a radiação próxima do infravermelho. Esta radiação tem a capacidade de atravessar os tecidos saudáveis sem ter efeitos secundários para estes tecidos. Esta radiação vai excitar especificamente o óxido de grafeno que compõe estes nanodispositivos, o que provoca um aumento de temperatura. Esse aumento de temperatura por si pode ter já um efeito de induzir a morte celular, mas por outro lado, no caso de termos fármacos anticancerígenos no interior deste nanodispositivo, estes podem ser dirigidos para um local específico através da radiação e libertados de forma a desencadear a morte celular das células cancerígenas”, explica.
“Depois desta primeira fase, de avaliarmos e de optimizarmos a funcionalização à superfície destes nanodispositivos, pretendemos testá-los em culturas tridimensionais, ou seja, em modelos 3D, de células de um modelo de cancro de mama e avaliar se o sistema tem a capacidade de in vitro ter um efeito terapêutico melhor do que as terapias convencionais”, conclui.
Saiba mais sobre o investigador em: Linkedin | Researchgate | CICS