arqueologia,
90 seg

Ep. 311 José Bettencourt – Naufrágios do século XVI revelam pistas sobre o papel de Angra do Heroísmo na navegação do Atlântico

January 31, 2018

ep311_interiorA investigação arqueológica de naufrágios dos séculos XVI e XVII na baía de Angra do Heroísmo permite traçar um retrato da importância que este porto tinha na navegação do Atlântico nessa época.​


José Bettencourt, investigador do CHAM – Centro de Humanidades da Universidade Nova de Lisboa (UNL) e da Universidade dos Açores (UAc), é arqueólogo subaquático e tem desenvolvido a sua investigação sobre os vestígios descobertos no arquipélago dos Açores.

“A investigação que temos desenvolvido em Angra do Heroísmo visa perceber qual é que é o papel que Angra teve na navegação do Atlântico nos séculos XVI e XVII a partir da análise sobre os vestígios materiais. A investigação histórica indica que Angra terá tido um papel preponderante enquanto escala técnica das várias rotas que operavam no Atlântico nos séculos XVI e XVII e nós estamos a procurar ver como é que o registo material que foi ficando submerso ou na costa documentam esse papel”, conta.

O arqueólogo realça que os naufrágios da baía de Angra do Heroísmo são importantes sobretudo para o estudo da navegação ibérica da época moderna nos séculos XVI e XVII, já que este local tem uma concentração de naufrágios muito significativa e única em Portugal.

“Destacaria o Angra B que é um naufrágio de finais do séc. XVI em que os vestígios arqueológicos que foram encontrados indicam tratar-se muito provavelmente de um navio construído no norte de Espanha, utilizado pela coroa castelhana na navegação pelo Atlântico e com evidências que indicam que estaria a voltar das Caraíbas quando naufragou nos Açores, sendo provavelmente os restos de um navio da Carreira das Índias espanhola, a rota que fazia a ligação entre a Andaluzia e as Caraíbas todos os anos e que transportava entre as suas cargas por exemplo a prata explorada nas minas americanas”, explica.

O grupo de José Bettencourt criou, em parceria com o Mar dos Açores e a Câmara Municipal de Angra do Heroísmo, um espaço para divulgar o trabalho arqueológico que tem sido desenvolvido na baía, o espaço Mar, que, segundo o arqueólogo, vai ser o palco para algumas iniciativas de divulgação turística do património cultural subaquático de Angra do Heroísmo.

Saiba mais sobre o investigador em: Academia.edu | CHAM

Scroll to top