As reacções entre compostos químicos para desenvolver um determinado produto, como um medicamento, por exemplo, exigem o uso de subprodutos necessários para promover a reacção que não só aumentam os gastos energéticos como causam resíduos desnecessários para o produto final.
Nuno Maulide, professor catedrático de Química na Universidade de Viena na Áustria, através do projeto VinCat quer eliminar a necessidade de recorrer a estes subprodutos, de forma a tornar as reacções químicas mais eficientes e mais económicas.
O projeto VinCat é um projeto financiado pelo European Research Council (ERC) que se dedica precisamente a estudar uma parte muito interessante e que geralmente é esquecida das reacções químicas.
“Uma reacção entre compostos químicos para obter um composto de interesse, parece simples mas não é. As moléculas têm muitas vezes uma vontade própria que não vai de encontro àquilo que nós gostaríamos de fazer delas. Imagine-se um grupo de 20 ou 30 crianças pequenas com menos de cinco anos e que se tente controlar essas crianças e colocá-las todas em fila, muito calminhas e muito quietinhas durante uma hora. Parece impossível, não é? É o mesmo tipo de desafio que nós químicos temos quando queremos convencer dois compostos ou duas moléculas a reagirem da maneira que nós queremos para darem o produto que nós queremos. Até se pode conseguir que eles o façam, o problema é que a vontade deles é fazer mil e uma outras coisas diferentes”, explica.
“Essas mil e uma coisas diferentes geram produtos secundários como também obrigam-nos a desenvolver métodos e técnicas para conseguirmos convencer as moléculas a fazerem aquilo que nós queremos. É no fundo um bocadinho como oferecer uma espécie de um suborno, um pacote de bolachas, uns rebuçados para as crianças fazerem aquilo que nós queremos”, acrescenta.
O projecto Vincat tenta então contrariar isto. Como todas essas reacções acabam por gerar produtos secundários e subprodutos que têm que ser eliminados, destruídos ou queimados para gerar calor, o projecto Vincat dedica-se a encontrar reacções químicas que não geram quaisquer tipos de produtos secundários.
“No fundo é o caso ideal em que as duas moléculas se combinam para dar exclusivamente aquilo que nós queremos sem sequer precisarem do pacote de bolachas ou dos rebuçados para serem convencidas a ir nessa direcção”, explica.
Saiba mais sobre o investigador em: Linkedin | Google Scholar | Univ. Viena
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