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Ep. 33 Jorge Nuno Silva – Jogo da Glória: Como sobreviver a mais de 600 anos de História?

January 05, 2017

ep033_interiorO popular Jogo da Glória sobreviveu a mais de 600 anos de História, praticamente inalterado. O que fez este jogo sobreviver quando outros desapareceram? O que o torna tão aliciante de jogar?​


Para responder a estas questões, Jorge Nuno Silva, investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) e membro do Centro Interuniversitário da História da Ciência e Tecnologia (CIUHCT), está a trabalhar em parceria com João Pedro Neto, também da FCUL, para compreender quais as propriedades lúdicas que permitiram ao Jogo da Glória sobreviver desde os finais do séc. XIV até à atualidade.

As regras simples e o fator sorte podem ser a chave para o sucesso deste jogo. “Este jogo sobreviveu estes séculos todos porque tem características lúdicas boas. Nos jogos de tabuleiro habituais, tipo Xadrez ou Go, sabemos identificar parâmetros que nos indicam se os jogos são bons ou maus, se têm sucesso ou não. Vemos o Xadrez que apesar de ter umas regras muito complicadas tem muitas qualidades e sobrevive.”

O Jogo da Glória não tem padrão único, embora as regras sejam as mesmas, com o circuito em espiral de casas que devem ser percorridas mediante o lançamento do dado. Ao longo do tabuleiro existem casas com penalizações e outras com prémios, vencendo aquele que chegar primeiro ao fim do percurso.

“No caso dos jogos de pura sorte como o Jogo da Glória, esse tipo de identificação das propriedades lúdicas boas está por fazer. Por que é que este jogo sobreviveu quando conhecemos tantos jogos muito interessantes que desapareceram e que morreram de morte natural?”, questiona.

O Jogo da Glória, tal como o xadrez, as damas, o gamão e tantos outros, é um jogo de tabuleiro. Pensa-se que este jogo também conhecido por Jogo do Ganso, terá surgido em finais do séc. XIV, princípios do séc. XV, acabando por se popularizar no séc. XVI. A divulgação do Jogo da Glória parece estar associada a Francisco de Médicis, que governou Florença entre 1574 e 1587, e que terá oferecido um tabuleiro a Filipe II de Espanha, I de Portugal, deixando-o encantado com as reviravoltas do jogo.

Jorge Nuno Silva vê o Jogo da Glória como mais um exemplo de como jogar faz parte da condição humana. “Não há nada mais humano do que jogar. Costumamos dizer que um jogo é uma brincadeira organizada mas de facto o jogo e a brincadeira, são essenciais à Humanidade, característicos da humanidade e o Homem nunca é mais humano do que quando está a jogar.”

Saiba mais sobre o investigador em: LinkedInResearchGate | FCUL

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