paleontologia,
90 seg

Ep. 355 Pedro Correia – Jazida com 300 milhões de anos descoberta no Douro revela uma nova espécie de feto arborescente

April 03, 2018

ep355_interiorNa região dos Montes da Costa, no Douro, foi descoberta uma floresta primitiva com 300 milhões de anos. Esta jazida guardava fósseis de uma nova espécie de feto, a Acitheca murphyi, cuja morfologia fornece algumas pistas sobre o clima desta região na idade do Carbonífero Superior.​


Pedro Correia, paleontólogo do Instituto de Ciências da Terra (ICT) na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP), participou na descoberta e consequente estudo desta jazida fóssil, que teve como principal resultado a descrição de uma nova espécie de feto.

“Recentemente fizemos uma descoberta na região dos Montes da Costa inserida na bacia do Douro de uma jazida que nos remonta para a idade do carbonífero superior há cerca de 300 milhões de anos. Nessa altura, a Península Ibérica estava localizada numa zona equatorial ou próxima dos trópicos, e o seu clima era essencialmente tropical e húmido. Contudo, esta jazida tem uma característica muito interessante, preserva uma transição de um clima tropical e húmido característico na altura para um clima mais seco”, revela.

A presença de fósseis de fetos como a Acitheca murphyi, indicam que esta transição entre climas pode ser indicativa da ocorrência de estações sazonais naquela região, divididas entre períodos de chuva intensa e níveis elevados de humidade, e períodos secos com temperaturas elevadas.

Para reforçar esta hipótese, foram encontrados sinais no registo geológico desta jazida que descrevem um evento catastrófico de inundação, que sugere uma mudança abrupta de clima.

“Também descrevemos uma nova espécie de feto arborescente chamado Acitheca murphyi, esta espécie tinha uma particularidade que era ter os esporângios muito alongados com cerca de um cm de comprimento. Esta característica morfológica é resultado de uma adaptação ecológica e evolutiva, uma adaptação xenomórfica, isto é, a planta tinha a capacidade de armazenar grandes quantidades de água através destes esporângios alongados em condições de clima mais seco ou de menor humidade”, acrescenta.

Segundo Pedro Correia, estas evidências indicam que houve estações sazonais numa região que foi gradualmente evoluindo de um clima mais húmido para um clima mais seco.

Saiba mais sobre o investigador em: NatGeo

Scroll to top