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Ep. 359 Diana Freire – Investigadora desenvolve antibiótico capaz de despoletar um mecanismo suicida na bactéria da tuberculose

April 09, 2018

ep359_interiorApesar dos esforços na erradicação desta doença, a tuberculose ainda hoje é uma das infecções que mais mata a nível Mundial. Esta investigadora está a estudar o sistema toxina/anti-toxina da bactéria da tubercolose com o objectivo de desenvolver um antibiótico capaz de forçar a bactéria a autodestruir-se.​


Diana Freire, investigadora do Laboratório Europeu de Biologia Molecular (EMBL) em Hamburgo, na Alemanha, quer assim desenvolver um antibiótico que, em vez de atacar a própria bactéria, usa o seu próprio mecanismo de defesa para a destruir.

“No meu projeto de doutoramento estamos a trabalhar num sistema da bactéria que origina a tuberculose, a Mycobacterium tuberculosis, e este sistema é um sistema de toxina/anti-toxina que tal como o nome indica tem duas componentes: uma toxina com função tóxica e uma anti-toxina que funciona como um antídoto natural. Quando a bactéria infeta o ser humano cria-se uma situação de stress e, nesta situação de stress, a toxina separa-se da anti-toxina e fica assim livre para fazer a sua função. E o que é que ela faz? Ela funciona como uma espécie de Pac-Man ela come uma molécula muito importante para o metabolismo da bactéria que se chama, nicotinamida adenina dinucleotíde (NAD)”, explica.

Qual é então a consequência da desactivação da NAD? Segundo Diana Freire, se o metabolismo não funciona a bactéria morre.

“Mas, por que é que a bactéria precisa de uma proteína que a mata a si própria com um mecanismo suicida? A resposta é simples, basicamente para garantir um sacrifício de 90% da população. Porquê? Porque quando não há literalmente comida que chegue, não há oxigénio que chegue, e não há nutrientes suficientes para que toda a população bacteriana sobreviva, 90% da população morre para que os restantes 10% consigam sobreviver”, esclarece.

Se for então possível criar uma molécula que mantivesse esta proteína sempre ativa estaríamos perante um novo antibiótico, capaz de enganar a bactéria da tuberculose, convencendo-a que o seu ambiente era inóspito para a sua sobrevivência, forçando-a assim a suicidar-se.

Diana Freire mostra-se confiante na descoberta desta nova molécula para que, num futuro próximo, este mecanismo possa ser usado na erradicação desta doença.

Saiba mais sobre a investigadora em: Linkedin | Twitter | Researchgate | EMBL

Créditos Foto Diana Freire: Rosemary Wilson

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