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Ep. 375 Alexandra Oliveira – A vida das prostitutas de rua no Porto contada na primeira pessoa

May 01, 2018

ep375_interiorEste estudo seguiu a vida de trinta e duas prostitutas de rua na cidade do Porto com o objetivo de conhecer as suas condições de trabalho, a sua história pessoal, as causas e as motivações que as levaram para esta profissão.​


Alexandra Oliveira, professora na Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP), realizou um estudo etnográfico no terreno junto destas mulheres, ouvindo as suas histórias de vida, e recolhendo testemunhos dos seus clientes, companheiros, agentes de pensões e vizinhos.

“Para o meu doutoramento utilizei um método que não é muito habitual na psicologia, a etnografia. Isto significa que estive nos locais onde se desenrola a prostituição de rua, porque foi com prostituição de rua que eu fiz o meu trabalho e permaneci no terreno de forma a poder ver e experienciar, na medida do possível, o que é a actividade de prostituição de rua”, conta.

Alexandra Oliveira esteve no terreno com centenas de mulheres que fazem trabalho sexual e também com os seus clientes, companheiros, agentes das pensões e os vizinhos que por vezes passavam pela rua e interagiam com elas. Além desta observação, a psicóloga seleccionou 32 mulheres, 28 mulheres cis e quatro mulheres transgénero, as quais concordaram a realizar entrevistas profundas sobre a sua trajetória de vida.

“Com estas entrevistas tentei perceber como é que surgia a prostituição na vida daquelas mulheres. Percebi que embora as trajetórias sejam todas singulares, ou seja, não há uma trajetória tipo que vai predizer a entrada no trabalho sexual, há alguns aspetos que são comuns a alguns subgrupos ou seja que dentro daquelas trinta e duas mulheres encontrei algumas que podia agrupar”, explica.

Segundo a investigadora, a grande maioria das mulheres entrevistadas vinha de meios pobres, de meios sociofamiliares desfavorecidos e eram pouco escolarizadas. Dois terços das mulheres entrevistadas tinham apenas o quarto ano de escolaridade ou menos.

Alexandra Oliveira reforça ainda que a maioria destas mulheres não sofreu qualquer tipo de abuso sexual durante a infância, contrariando assim um dos estereótipos associados à entrada no mundo da prostituição.

“Muitas vezes associa-se a entrada na prostituição com o abuso sexual na infância, portanto eu perguntava também às mulheres como tinha sido o início da sua vida sexual e que tipos de experiências tinham tido. 90% das mulheres que eu entrevistei tiveram um início de uma actividade sexual que foi voluntário e satisfatório, não havendo assim qualquer associação com o abuso sexual”, conclui.

Saiba mais sobre a investigadora em: Linkedin | FPCEUP

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