Inspirado pela popular música Conquistador dos Da Vinci, este investigador estuda como a cultura popular urbana reconfigurou o Imperialismo Português nas suas obras antes e após o 25 de Abril de 1974. Da música pop dos anos 80, ao Festival da Canção, do futebol ao concurso Miss Portugal, este projeto vai analisar como a diversidade cultural do império português era representada nestas produções.
Marcos Cardão, bolseiro de pós-doutoramento do Centro de Estudos Comparatistas (CEC) da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (FLUL), está a desenvolver este estudo de forma a identificar um conjunto de agentes e de protagonistas na cultura popular urbana que trouxeram as ideias imperiais ou a ideia de excecionalismo português para o campo mediático.
“Estudei no futebol português que existiria uma ideia de jogar futebol particularmente lusa que seria uma síntese de contrários entre África, Portugal e Europa. O Vítor Santos, um jornalista da Bola em 66, chamou essa ideia de jogar futebol uma prática de futebol euro-latina-africana e pretendeu descrever esse feito que foi a conquista do terceiro lugar por parte da selecção portuguesa no mundial de 66 em Inglaterra”, explica.
No campo futebol, Marcos Cardão interessou-se também pela patrimonialização e nacionalização de Eusébio. “Esta dialoga às vezes com algumas iniciativas da propaganda oficial que tenta criar uma narrativa dizendo que um filho das colónias portuguesas está a representar, como todos os filhos das colónias portuguesas, o império português”, descreve.
Segundo o investigador, este império seria indiferente a raça, religião e origem dos seus cidadãos. “É uma descrição que encontram para narrar o império português e Eusébio então é de certo modo nacionalizado, patrimonializado, num conjunto de discursos banais mas também institucionais”, acrescenta.
Além da música e do futebol, Marcos Cardão está também a estudar a participação de concorrentes guineenses e angolanas no concurso Miss Portugal, assim como a vitória de Eduardo Nascimento no Festival da Canção.
Saiba mais sobre o investigador em: ORCID | FLUL
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