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Ep. 393 Filipe Cadete – Como arrumar dois metros de ADN no núcleo de uma célula?

May 25, 2018

ep393_interiorEste investigador está a desenvolver uma técnica capaz de visualizar ao pormenor certas áreas do genoma, com o objetivo de compreender como a conformação do ADN influencia a regulação dos genes.​


Inspirado na técnica desenvolvida pelo seu orientador, Filipe Cadete, investigador do Laboratório do Professor Job Dekker na University of Massachusetts Medical School (UMASS) nos EUA, está a estudar como a conformação do ADN tem impacto na decisão sobre que genes estão ativos nas diferentes células.

“O ADN de uma célula humana todo esticado chega aos dois metros e o núcleo de uma célula onde o ADN tem de caber não passa de seis micrómetros, eu vejo isto um pouco como pegar num fio muito longo de lã que temos que pôr dentro de uma mala. Nós podemos organizá-lo em novelo, um novelo muito bem enroladinho, ou podemos simplesmente encafuá-lo nas nossas mãos e mandá-lo para dentro da mala”, conta.

Ao longo da investigação nesta área entendeu-se que o ADN não está perfeitamente organizado no núcleo da célula, mas que também não está organizado ao acaso. A maneira como o ADN está organizado dentro das células vai ter impacto na regulação dos genes, e na decisão sobre que genes é que estão ativos em que células.

Já foi possível provar, inclusive, que a polidactilia, mutação genética que provoca o nascimento de um sexto dedo na mão, é causada por um erro na conformação do ADN.

A técnica original para observar este mecanismo foi desenvolvida em 2002 por Job Dekker, orientador de Filipe Cadete. No seu estado atual esta técnica dá-nos um mapa global da conformação das células, e de populações de células. O investigador descreve esta técnica como termos um mapa do país como um todo onde vemos as principais artérias, as principais autoestradas do país.

“A variante em que estou a trabalhar agora é uma nova técnica que estamos a desenvolver. Não vou ver o país como um todo, vou ver partes específicas do país. Vou ver bairros, vou ver vilas específicas, mas vou ver essas áreas em muito detalhe. Vou ver as autoestradas que lá estão, vou ver as estradas nacionais, vou ver os becos e as ruelas”, acrescenta.

Com esta técnica será possível ter um conhecimento de detalhe do que está a acontecer em células específicas.

Saiba mais sobre o investigador em: Google Scholar | UMASS

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