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Ep. 394 Edalina Sanches – Menos ideologia e mais pragmatismo, este estudo faz um retrato das campanhas eleitorais em 30 países africanos

May 28, 2018

ep394_interiorEste projeto está a estudar como os partidos políticos competem entre si em 30 países africanos. Quem está no poder e há quanto tempo? Como decorrem as campanhas eleitorais? Qual o poder da oposição? Que temas são abordados?​


Edalina Sanches, investigadora de pós-doutoramento no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS) e também no Instituto Português de Relações Internacionais da Universidade Nova de Lisboa (IPRI – NOVA), desenvolveu trabalho de campo em Moçambique, na Zâmbia e em Cabo Verde.

“O meu pós-doutoramento procura investigar a forma como os partidos competem entre si em África desde o início dos processos de democratização até aos mais recentes. Olhei para uma amostra de 30 países e fiz uma recolha de dados eleitorais. A minha pesquisa envolveu também trabalho de campo em três países, neste caso Moçambique, Zâmbia e Cabo Verde, no âmbito do qual entrevistei elites políticas, líderes de organizações da sociedade civil, académicos e também jornalistas”, conta.

O objetivo de Edalina Sanches era obter um retrato fiel mas também diversificado da forma como as eleições são organizadas nestes países, das principais características da cultura política mas também ter uma visão concreta da forma como os partidos se organizam, e do tipo de temas que mobilizam em tempos de eleições, e dos principais problemas e obstáculos nos processos de competição pelo poder.

A investigadora conseguiu observar que as campanhas eleitorais nestes países são muitas vezes centradas em temas pragmáticos como o emprego, a saúde, a educação e a infraestrutura, sendo dada pouca relevância à ideologia partidária dos respetivos concorrentes.

Edalina Sanches também identificou que, embora hajam algumas exceções, o partido que se encontra no poder é normalmente aquele que mais esteve envolvido na luta pela independência do país.

“Na grande maioria dos países nós identificamos um cenário em que há um partido muito forte, este partido muitas vezes é o partido que protagonizou a luta pela independência e que chega à transição para a democracia com um material simbólico e material acumulado que lhe permite controlar um pouco as regras do jogo no momento da transição”, acrescenta.

Este estudo deu já origem a um livro intitulado “Sistemas Partidários em Jovens Democracias: Variedades de institucionalização partidária na África subsaariana”, publicado em inglês pela editora Routledge.

Saiba mais sobre a investigadora em: Researchgate | Google Scholar | ICS

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