história da ciência,
90 seg

Ep. 396 Cláudia Castelo – Qual a relação da ciência com o império colonial português no Estado Novo?

May 30, 2018

Este estudo tem como objectivo a identificação, crítica e interpretação das fontes científicas produzidas no contexto colonial durante o Estado Novo.


Qual a influência da propaganda colonial na produção científica? Que formas encontrava a ciência para criticar as pretensões colonialistas do Estado Novo? Estas são algumas das questões que Cláudia Castelo, investigadora no Centro Interuniversitário da História das Ciências e da Tecnologia (CIUHCT) da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), procura responder.

“Desenvolvo um trabalho de pesquisa sobre as ciências de campo no Império Colonial Português tardio. Procuro perceber como é que o Estado Novo no pós-segunda guerra mundial procurou mobilizar as ciências de campo para legitimar a sua presença colonial e de alguma forma fazer face às pressões internacionais no sentido da autodeterminação das colónias portuguesas”, acrescenta.

Além de procurar ver como é que o Estado Novo mobilizou as ciências, Cláudia Castelo procura também ver como é que os cientistas aproveitaram a oportunidade de acesso ao terreno colonial para desenvolver as suas pesquisas.

A investigadora quer também perceber de que forma é que os cientistas contribuíram para o projecto colonial e para novas visões sobre como podia ser feito o desenvolvimento daqueles territórios no momento em que a rede colonial portuguesa estava a ser muito contestada em África.

“O meu trabalho recorre a fontes históricas de arquivo, sobretudo ao arquivo histórico ultramarino mas também à documentação da junta de investigações do ultramar, – as missões científicas às colónias dependiam de autorizações da junta de investigações do ultramar – então é esse o meu trabalho sobretudo de identificação, crítica e interpretação das fontes produzidas no contexto colonial mas também de espólios pessoais de cientistas que fizeram trabalho de campo nas colónias portuguesas, e de entrevistas com protagonistas que ainda nos podem deixar o seu testemunho”, acrescenta.

Como exemplo, Cláudia Castelo salienta os casos dos colonatos-modelo da Cela (Angola) e do Limpopo (Moçambique) que, embora alvo de críticas por cientistas e técnicos agrícolas contra a viabilidade daqueles locais, acabaram por ser povoados como postais de propaganda das acções coloniais do Estado Novo.

Saiba mais sobre a investigadora em: Academia.edu | CIUHCT

Imagem banner: Arquivo RTP

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