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Ep. 41 Sara Albuquerque – Coleções do botânico Friedrich Welwitsch ajudam a conhecer a História da Ciência em Portugal

January 17, 2017

ep041_interiorConhecido pela descoberta da planta Welwitschia (polvo do deserto) no deserto do Namibe em Angola, as coleções de Friedrich Welwitsch são ainda hoje consultadas por especialistas das mais diversas áreas.​


Sara Albuquerque, investigadora do Centro de Estudos de História e Filosofia da Ciência (CEHFCi) e do Instituto de História Contemporânea (IHC) na Universidade de Évora, foca o seu trabalho no estudo das coleções deste botânico, hoje divididas entre Lisboa, Londres e os Jardins Botânicos de Kew no Reino Unido.

Friedrich Welwitsch foi um botânico austríaco enviado pelo governo português numa expedição a Angola entre 1853 e 1860. Segundo a historiadora, o facto de o campo da História da Ciência ainda não ter estudado profundamente as coleções de Welwitsch, motivou o desenvolvimento desta investigação. “As suas coleções são consideradas ainda hoje as melhores coleções de flora tropical africana nas zonas onde ele esteve a coletar, quer pela sua qualidade, quer pela sua conservação, quer mesmo pela quantidade de espécimes. Embora sejam coleções de referência que continuam a ser frequentemente citadas e consultadas por investigadores estrangeiros, o campo da história da ciência não tem sido devidamente explorado.”

Atualizar os dados históricos da coleção e conhecer os contactos que Welwitsch realizou durante as suas viagens são o principal objetivo deste projeto. “Os últimos estudos foram realizados nos anos de 1970 e é necessário fazer um update destas investigações. Com este projeto pretende-se perceber a rede de contactos deste botânico e entender como estes contactos moldaram as suas coleções.”

“Ele contactava com diretores de jardins botânicos, como por exemplo os jardins botânicos de Kew, com o Richard Spruce, um explorador da América do Sul, e o David Livingstone, o famoso missionário, explorador e geógrafo escocês, com quem ele conviveu ainda algumas semanas e trocaram bastantes impressões.” Ao estudar esta rede de contactos é possível não só saber quem Welwitsch conheceu, mas também perceber como esses contactos conseguiram moldar as coleções: “Ficamos assim com uma melhor noção do seu espólio, porque ao conhecer o seu espólio podemos preservá-lo. E não se pode preservar aquilo que não se conhece.”

Sara Albuquerque reconhece a importância da História da Ciência, pois “é cada vez mais importante termos visões mais alargadas e fazermos comparações ao longo do tempo.”

“Em termos de História da Ciência não é só importante saber o que aconteceu, mas tentar perceber, fazer comparações e ver o contexto. Por exemplo, ao conhecermos a sua relação com o rei D. Fernando II, podemos perceber porque um botânico austríaco foi enviado para Angola. Sabermos o contexto é essencial para percebermos as suas coleções.”

Saiba mais sobre a investigadora em: LinkedInResearchGate | IHC

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