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Ep. 430 Patrícia Maciel – Novo tratamento para a doença de Machado-Joseph pode ter origem num antidepressivo

July 17, 2018

ep430_interiorEste grupo de investigação está a estudar em modelos animais a eficácia de diferentes moléculas no tratamento preventivo da doença de Machado-Joseph. A ideia passa por encontrar novas aplicações para fármacos já existentes no mercado.​


Patrícia Maciel, investigadora no Instituto de Investigação em Ciências da Vida e da Saúde (ICVS) e professora na Escola de Medicina da Universidade do Minho (EMUM), está a estudar o efeito terapêutico de fármacos com valor comercial na doença de Machado-Joseph.

A doença de Machado-Joseph é uma doença neurodegenerativa hereditária causada por uma mutação que leva à agregação de proteínas dentro dos neurónios e à morte progressiva dos neurónios.

A equipa de Patrícia Maciel criou uma linha de animais transgénicos cujo genoma comporta o gene humano que causa esta doença com a sua mutação respetiva. “Fizemos isto em dois tipos de animais num nemátodo de dimensão muito pequena, menos de um milímetro que é a C. elegans e num ratinho. Em ambos os casos conseguimos reproduzir os aspetos de descoordenação motora e dificuldades de movimento nos dois modelos animais bem como essa tal agregação de proteínas dentro dos neurónios e a morte neuronal progressiva. Portanto, conseguimos reproduzir aspetos chave da doença de Machado-Joseph nestes modelos”, explica

Estes modelos foram depois usados para testar o efeito de diferentes fármacos nesta doença.

Patrícia Maciel começou por testar um conjunto restrito de moléculas candidatas que à partida podiam ter um efeito positivo no tratamento da doença. Numa fase inicial foi testado o efeito da creatina, uma proteína conhecida pelo seu efeito no reforço muscular, mas que também se encontra presente no cérebro.

Além da creatina, foi também testada uma série de moléculas num modelo mais simples da doença. Das milhares de moléculas que foram testadas houve uma em particular que apresentou resultados bastante promissores, o citalopram um antidepressivo muito utilizado na clínica.

“Em ambos os casos conseguimos no modelo animal atrasar o início dos sintomas e reduzir a sua intensidade durante bastante tempo assim como preservar os neurónios e evitar os processos de agregação de proteína mutante dentro dos neurónios”, revela.

Com a validação destes resultados em modelo animal, Patrícia Maciel espera agora poder testar estas moléculas em ensaios clínicos com pacientes.

Saiba mais sobre a investigadora em: Linkedin | Researchgate | ICVS

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