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Ep. 445 Sílvia Conde – E se pudéssemos instalar um chip no nosso corpo capaz de desligar a diabetes tipo 2?

September 07, 2018

ep445_interiorEsta investigação está a estudar a relação do corpo carotídeo, um pequeno órgão localizado no nosso pescoço, com a regulação da diabetes tipo 2. Estudos em animais demonstraram que ao desligar algumas funções deste órgão, é possível eliminar os sintomas desta doença.​​


Sílvia Conde, investigadora do Centro de Estudos de Doenças Crónicas (CEDOC) e professora na Nova Medical School (NMS), está a desenvolver esta investigação com a Galvani Bioelectronics, no sentido de desenvolver um chip capaz de controlar as funções do corpo carotídeo na diabetes tipo 2.

O corpo carotídeo é um órgão que está localizado na bifurcação das artérias carótidas no nosso pescoço e tem uma função fulcral no nosso organismo porque é o primeiro sensor de oxigénio. Este órgão é responsável por detetar alterações nos gases arteriais, neste caso o oxigénio e o dióxido de carbono, antes que elas cheguem ao nosso cérebro.

Contudo, alguns estudos demonstraram que este órgão tem também uma função importante na regulação da diabetes tipo 2.

“Fomos contactados pela divisão de bioeletrónica da Glaxo Smith Kline, agora Galvani Bioelectronics, para fazermos uma parceria com eles porque eles queriam modular eletronicamente o nervo do seio carotídeo para o tratamento da diabetes tipo 2”, conta.

Foram então implantados chips bilateralmente nos dois nervos do seio carotídeo, em ratos submetidos a dietas hipercalóricas. Estes animais foram submetidos a estimulação elétrica de alta frequência, bloqueando a transmissão entre o corpo carotídeo e o cérebro. Este bloqueio de transmissão resultou numa total reversão da diabetes tipo 2 nestes animais.

“Uma observação muito interessante foi que este efeito era reversível, portanto, quando parávamos a estimulação elétrica os animais ficavam doentes outra vez, portanto, demonstrámos que esta modelação elétrica do seio carotídeo para o tratamento da diabetes é reversível e que não danifica o nervo”, acrescenta.

Estes resultados sugerem que é possível tentar terapeuticamente tratar a diabetes tipo 2 introduzindo um chip num nervo do seio carotídeo, modulando apenas as fibras nervosas que controlam a diabetes tipo 2, e não as fibras que possam ter outras funções, e das quais adviriam reações adversas.

Com esta prova de conceito a investigadora espera poder continuar a desenvolver estes estudos com o objectivo de um dia desenvolver um protótipo capaz de ser testado em ensaios clínicos.

Saiba mais sobre a investigadora em: Linkedin | Researchgate | CEDOC

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