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Ep. 45 Paula Sá-Pereira – Prevenir as Oliveiras portuguesas contra uma fitobactéria letal é o objetivo do projeto XF-FREEOLIVE

January 23, 2017

ep045_interiorCaracterizar a suscetibilidade das oliveiras portuguesas à infeção por Xyllela fastidiosa (Xf), identificar os insetos portadores desta fitobactéria e desenvolver metodologias de prevenção, são o foco principal do XF-FREEOLIVE.


A Xylella fastidiosa (Xf) é uma fitobactéria de quarentena letal, com cerca de 150 espécies hospedeiras. Identificada na Europa pela primeira vez em outubro de 2013, no sul da Itália, na região de Puglia, esta fitobactéria foi responsável pela destruição de mais de oito mil hectares de oliveiras, e cerca de 21 mil hectares ainda hoje se encontram em quarentena.

Paula Sá Pereira, investigadora do Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária (INIAV), é a responsável por este projeto focado em prevenir que a Xf não infete o olival português.

“Pretendemos conhecer qual a suscetibilidade de diferentes variedades de Oliveira à infeção pela Xyllela fastidiosa. Esta bactéria começa a crescer naquilo que nós chamamos de um biofilme, ou seja, agarram-se umas às outras através de uma cola e vão-se alimentando da planta, estando fixas nas paredes do xilema”, descreve.

À medida que a infeção por Xf vai progredindo, a planta reage como se estivesse constipada: “Imaginemos os nossos brônquios, quando estamos constipados temos expetoração mas há medida que o tempo vai passando, se nós não curarmos ficamos com uma pneumonia, é exatamente a mesma coisa. A bactéria vai entupindo o xilema, os vasos responsáveis pelo fornecimento de nutrientes da planta, e ao obstruir estes vasos a planta acaba por morrer.”

Esta fitobactéria é transmitida através de insetos vetores que ao alimentarem-se de uma planta, infetam-na com Xf. Alguns desses insetos existem em Portugal, contudo, até ao momento a fitobactéria ainda não foi descoberta em território nacional. “Em Portugal estamos a fazer um levantamento dos potenciais vetores de Xf para podermos colocar os recursos necessários de acordo com os resultados que possamos ter no projeto.”

As espécies de oliveira Galega vulgar, Cordovil de Serpa, Cobrançosa e Arbequina, uma cultivar espanhola amplamente utilizada em Portugal, são algumas das variedades que podem ser suscetíveis a esta doença, com a agravante de representarem 80% do total de olivais implantados. Com este projecto também se quer perceber se estas espécies podem vir a sofrer infecção por este microorganismo, e se sim de que forma se pode prevenir e tratar.

Além do INIAV, este projeto tem como parceiroso CESAM da Universidade de Aveiro, o Centro de Citricultura Sylvio Moreira – Instituto Agronómico de Campinas (S. Paulo, Brasil), Consejo Superior de Investigationes Cientificas, Onstitute of Agronomic Sciences, Department of Crop Protection (Madrid, España), Consiglio Nazionale delle Richerche, Institute of Sustainable Plant Protection, Bari Unit (Bari, Italia), Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), Fundaçao da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FFCUL), Instituto de Investigação Científica e Tropical (IICT), Instituto Politécnico de Bragança (IPB) e Associação para a Inovação e Desenvolvimento da FCT (NOVA.ID.FCT), Universidade Nova de Lisboa.

Saiba mais sobre a investigadora em: LinkedIn | ResearchGate | INIAV

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