Uma das consequências das alterações climáticas é a subida do nível médio da água do mar. Esta subida pode elevar o nível de salinidade dos ecossistemas costeiros de água doce, pondo assim em risco os seres vivos que neles habitam.
Isabel Lopes, investigadora principal no Departamento de Biologia e no Centro de Estudos de Ambiente e do Mar (CESAM) da Universidade de Aveiro (UA), está a desenvolver o projeto Salt Free com o intuito de avaliar os impactos que a intrusão salina em zonas húmidas costeiras possa ter nos seres que habitam estas regiões.
Na primeira fase deste projeto, os resultados revelaram que os organismos do ecossistema terrestre apresentam uma sensibilidade ligeiramente superior à dos organismos de água doce estudados.
“Estes resultados têm implicações quando nós tentamos calcular o risco associado aos ecossistemas aquáticos. Porquê? Porque se efetivamente houver uma disrupção do ecossistema terrestre mais cedo do que aquela que existe no ecossistema aquático o que vai acontecer é que os organismos dos ecossistemas dulciaquícolas (de água doce) vão estar expostos não só ao stress provocado pela intrusão salina mas também a um eventual stress que possa advir de uma maior erosão dos solos que lhe estão adjacentes para o interior do ecossistema aquático”, explica.
O risco apresenta-se assim em duas frentes, a primeira relacionada com a intrusão da água do mar, e a segunda com os sedimentos dos locais que vão passar a estar submersos.
“Estes sólidos que possam entrar no ecossistema aquático vão também ser um agente perturbador para aquele ecossistema”, reforça.
Estes dados demonstram que as alterações climáticas podem vir a ter um papel crucial na disrupção dos ecossistemas costeiros de água doce.
Saiba mais sobre a investigadora em: Linkedin | CESAM
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