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Ep. 46 Miguel Pais-Vieira – “Brainet” mostra como cérebros de dois animais podem comunicar entre si

January 24, 2017

ep046_interiorRegistar a atividade do cérebro de um animal, descodificá-la e enviá-la para outro cérebro em tempo real é possível e pode ter aplicações na preparação de pacientes paraplégicos para o uso de próteses robóticas.


Miguel Pais-Vieira, investigador do Instituto de Ciências da Saúde da Universidade Católica do Porto (ICS – UCP), desenvolveu um estudo na Universidade de Duke, nos Estados Unidos, onde conseguiu colocar os cérebros de dois animais a comunicarem entre si.

Nestes estudos, grupos de dois a quatro animais foram capazes de combinar parte da atividade dos seus cérebros para controlar os movimentos de um braço virtual ou para realizar operações computacionais, como reconhecimento de padrões, recuperação de memórias tácteis e uma forma simplificada de previsão do tempo. Esta investigação abre espaço para desenvolver redes de cérebros de animais, verdadeiros computadores orgânicos que utilizam tecnologia analógica e digital.

Para o investigador a base deste estudo centrou-se na ideia de que a mesma tecnologia que é necessária para enviar uma mensagem dentro do mesmo cérebro, tem também a possibilidade de registar uma atividade, descodificar e enviar para outro cérebro.

Esta tecnologia pode ser aplicada também no tratamento de acidentes vasculares cerebrais (AVC). “Por exemplo, num AVC ou numa trombose onde nós temos uma lesão de uma determinada área, podemos imaginar que com esta tecnologia poderemos registar uma área, saltar a área que está lesada, substituir a área que está lesada por uma função matemática que consiga representar minimamente aquilo que deveria estar a ser feito e então enviar estímulos eléctricos ou outros para as áreas com as quais esta área que está lesada comunicava. Da mesma forma que se faz um bypass nas artérias coronárias a ideia seria fazer um bypass neuronal em situações em que há lesão.”

Atualmente, a comunicação cérebro a cérebro já está a ser testado no uso de fatos robóticos. “No Brasil já estão a testar ter um indivíduo paraplégico a controlar um fato robótico em conjunto com o cérebro do terapeuta. Um dos problemas é que num indivíduo que está paraplégico há 15 ou 20 anos, o seu cérebro começa a deixar de representar as pernas. Para treinar estes indivíduos temos, numa fase inicial, o terapeuta a controlar 90% do fato robótico e o indivíduo a controlar 10, passado três ou quatro semanas, o terapeuta já controla dez e o sujeito já controla 90%”, conta.

“O segundo cérebro serviria como treinador ao primeiro uma vez que este é que teria a actividade saudável ou a actividade que seria capaz de representar então determinadas partes do corpo”, acrescenta.

Saiba mais sobre o investigador em: LinkedInGoogle Scholar | ICS – UCP | Interfaces Cérebro a Cérebro

Créditos Imagem Banner: Katie Zhuang/Duke University

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