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Ep. 47 Vânia Calisto – Filtrar ansiolíticos das águas residuais com lamas da indústria da pasta de papel

January 25, 2017

ep047_interiorAs atuais estações de tratamento de águas residuais (ETAR) não possuem mecanismos para filtrar compostos de fármacos como os ansiolíticos e os antidepressivos. Materiais adsorventes criados a partir de lamas primárias da indústria da pasta de papel podem revelar-se como uma solução económica para este problema.


Com reconhecidos efeitos para os peixes que habitam os nossos rios, o projeto de Vânia Calisto, investigadora no Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) da Universidade de Aveiro (UA), ambiciona reduzir o impacto destes fármacos na fauna local através do desenvolvimento de uma tecnologia económica e sustentável.

Antibióticos, ansiolíticos, antidepressivos, e anti-inflamatórios contaminam, hoje, as águas dos nossos rios em grandes quantidades. Quantidades que, para Vânia Calisto, estão cada vez mais a aumentar devido ao envelhecimento da população, e de uma crescente incidência de desordens psiquiátricas.

Segundo a investigadora, estes fármacos são problemáticos por estar comprovado que são capazes de ter efeitos diretos na vida dos organismos que habitam ambientes contaminados. “Posso dar como exemplo um estudo que foi publicado há poucos anos, relativamente ao facto de ansiolíticos tornarem as percas destemidas e gulosas, ou seja. Estes fármacos são capazes de desequilibrar o seu comportamento alimentar e, embora sejam compostos menos estudados até agora, comparativamente por exemplo aos antibióticos ou às hormonas, têm também já um impacto muito evidente nos recursos aquáticos e nos organismos que lá habitam”, afirma.

Financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) este projeto visa fazer a otimização da produção de uma material adsorvente a partir de lamas primárias e biológicas da indústria da pasta e do papel, e otimizar o seu processo de produção e de aplicação.

“Estamos a fazer testes em laboratório para ver qual é que é o desempenho dos carvões produzidos através dos resíduos das fábricas, para remover fármacos de várias classes de águas contaminadas”, acrescenta.

Além do tratamento de águas residuais e da proteção das espécies ameaçadas por estes compostos, este projeto tem, em paralelo o objetivo de encontrar soluções inovadoras para o tratamento de resíduos industriais.

Saiba mais sobre a investigadora em: LinkedIn | ResearchGate | CESAM

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