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Ep. 472 Vera Duarte – Estudo propõe novo modelo de intervenção para raparigas em contexto de reclusão

October 16, 2018

ep472_interiorOs modelos atuais de intervenção e de apoio social a raparigas em contexto de reclusão ou centros educativos são pouco flexíveis e não dão resposta às necessidades individuais de cada jovem. Este estudo sugere um modelo capaz de colmatar estas necessidades, com foco nas características específicas de cada indivíduo, e dando especial atenção a atividades relacionais.​


Vera Duarte, professora no Instituto Universitário da Maia (ISMAI), e diretora da Unidade de Investigação em Criminologia e Ciências do Comportamento da mesma universidade, e investigadora do Centro de Investigação em Ciências Sociais (CICS) da Universidade do Minho (UM), estuda os modelos e as boas práticas de intervenção em raparigas em contexto de reclusão ou em centros educativos.

“O que os modelos atuais mostram é que, em primeiro lugar, nós precisamos de mudar não apenas uma prática mas precisamos de mudar todo o modelo de intervenção. Os estudos vão mostrando que as raparigas têm necessidades idiossincráticas como por exemplo apresentam muitos mais processos de auto-culpabilização, de baixa autoestima e que isso, por exemplo, pode ajudar-nos a explicar a forma como elas reagem não só à intervenção mas também aos motivos que as levam a entrar na prática delinquencial”, salienta.

É assim necessário que estes modelos de intervenção sejam capazes de dar resposta a estas características, não só de forma geral, mas adaptando-se caso a caso.

Segundo a investigadora, estes modelos são criados para serem modelos mais compreensivos, para serem modelos que estão muito focados nas relações. Isto não significa que as raparigas sejam mais relacionais ou mais emotivas que os rapazes, contudo, estes modelos não podem basear-se apenas em estereótipos para desenvolver as suas práticas de intervenção.

“Temos que trabalhar um bocadinho o antes da questão da prática em si, que é trabalhar os próprios modelos de socialização. Enquanto nós continuarmos a considerar que os rapazes não choram, mas que as raparigas têm direito a chorar nós vamos continuar a construir estas diferenças e vamos continuar a ter na violência também a representação destes modelos que são modelos sociais”, explica.

Acabar com as restrições de género nas atividades dos centros educativos, desenvolver atividades em grupo e dar apoio individual a cada jovem reclusa são algumas das propostas que Vera Duarte quer ver implementadas nestes centros.

Saiba mais sobre a investigadora em: Linkedin | Researchgate | ISMAI | CICS

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