Este estudo baseou-se na análise das hospitalizações que ocorreram nos hospitais públicos portugueses entre 2000 e 2015 e que tiveram um diagnóstico associado de tosse convulsa.
Manuel Gonçalves Pinho, investigador do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS) e da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), realizou este estudo com o intuito de mapear os internamentos por tosse convulsa nos hospitais públicos portugueses.
A tosse convulsa é uma doença altamente contagiosa cujos sintomas, na fase inicial, são bastante similares aos da maioria das infeções respiratórias. Esta doença é caracterizada por uma tosse intensa com muita expetoração que pode induzir vómitos e causar asfixia. Se não for tratada na fase inicial, esta doença pode levar a complicações graves ao nível respiratório e neurológico, especialmente em crianças não vacinadas.
Esta doença provocou, entre 2000 e 2015, uma média de 143 hospitalizações por ano, correspondente a três internamentos por semana, e custou ao Estado cerca de 2,7 milhões de euros, só em custos diretos.
“Nós reunimos todas as hospitalizações com tosse convulsa e fizemos uma análise tanto clínica como demográfica destas mesmas hospitalizações. Um dos resultados mais interessantes no estudo foi as diferenças entre a mortalidade hospitalar. Nós registámos uma mortalidade hospitalar que na população adulta ronda os 17% enquanto que na população dos recém-nascidos entre os 0 e os 2 meses esta mortalidade ronda os 0,8%”, conta.
Segundo o investigador, o subdiagnóstico desta patologia na população adulta é a principal razão para estas diferenças significativas na mortalidade hospitalar.
“A tosse convulsa não é uma doença exclusiva da infância, é uma doença que também pode ocorrer no adulto, embora cerca de 90% das hospitalizações, como foi uma das conclusões do estudo, ocorram de facto na população dos recém-nascidos, entre os 0 e os 2 meses”, alerta.
A vacina contra a tosse convulsa já está implementada em Portugal desde 1965. No entanto, Manuel Gonçalves Pinho salienta que a vacina não confere imunidade permanente. Por esse motivo, em 2017 a Direção-Geral de Saúde (DGS) colocou as grávidas no plano nacional de vacinação para esta doença.
“Isto por quê? Porque as grávidas são de facto a população que está em maior contacto também com os recém-nascidos dos 0 aos 2 meses que é a tal população que ainda não é vacinada e que ainda não é vacinada devido a questões imunológicas e que portanto protege desta forma estas crianças”, revela.
Saiba mais sobre o investigador em: Linkedin | CINTESIS | UP