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Ep. 483 Manuel Gonçalves Pinho – Tosse convulsa provoca 143 hospitalizações por ano

October 31, 2018

ep483_interiorEste estudo baseou-se na análise das hospitalizações que ocorreram nos hospitais públicos portugueses entre 2000 e 2015 e que tiveram um diagnóstico associado de tosse convulsa.​


Manuel Gonçalves Pinho, investigador do Centro de Investigação em Tecnologias e Serviços de Saúde (CINTESIS) e da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP), realizou este estudo com o intuito de mapear os internamentos por tosse convulsa nos hospitais públicos portugueses.

A tosse convulsa é uma doença altamente contagiosa cujos sintomas, na fase inicial, são bastante similares aos da maioria das infeções respiratórias. Esta doença é caracterizada por uma tosse intensa com muita expetoração que pode induzir vómitos e causar asfixia. Se não for tratada na fase inicial, esta doença pode levar a complicações graves ao nível respiratório e neurológico, especialmente em crianças não vacinadas.

Esta doença provocou, entre 2000 e 2015, uma média de 143 hospitalizações por ano, correspondente a três internamentos por semana, e custou ao Estado cerca de 2,7 milhões de euros, só em custos diretos.

“Nós reunimos todas as hospitalizações com tosse convulsa e fizemos uma análise tanto clínica como demográfica destas mesmas hospitalizações. Um dos resultados mais interessantes no estudo foi as diferenças entre a mortalidade hospitalar. Nós registámos uma mortalidade hospitalar que na população adulta ronda os 17% enquanto que na população dos recém-nascidos entre os 0 e os 2 meses esta mortalidade ronda os 0,8%”, conta.

Segundo o investigador, o subdiagnóstico desta patologia na população adulta é a principal razão para estas diferenças significativas na mortalidade hospitalar.

“A tosse convulsa não é uma doença exclusiva da infância, é uma doença que também pode ocorrer no adulto, embora cerca de 90% das hospitalizações, como foi uma das conclusões do estudo, ocorram de facto na população dos recém-nascidos, entre os 0 e os 2 meses”, alerta.

A vacina contra a tosse convulsa já está implementada em Portugal desde 1965. No entanto, Manuel Gonçalves Pinho salienta que a vacina não confere imunidade permanente. Por esse motivo, em 2017 a Direção-Geral de Saúde (DGS) colocou as grávidas no plano nacional de vacinação para esta doença.

“Isto por quê? Porque as grávidas são de facto a população que está em maior contacto também com os recém-nascidos dos 0 aos 2 meses que é a tal população que ainda não é vacinada e que ainda não é vacinada devido a questões imunológicas e que portanto protege desta forma estas crianças”, revela.

Saiba mais sobre o investigador em: Linkedin | CINTESIS | UP

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