geologia,
90 seg

Ep. 486 Luís Vítor Duarte – Descoberto em Peniche evidências fósseis de evento marinho que causou uma extinção à escala global há 182 milhões de anos

November 05, 2018

ep486_interiorForam descobertas em Peniche evidências fósseis de um evento que fez diminuir o nível de oxigénio no mar do Jurássico há 182 milhões de anos. Este evento durou cerca de um milhão de anos e foi responsável por uma extinção à escala global.​


Luís Vítor Duarte, investigador do MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente e professor no Departamento de Ciências da Terra da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC), foi o paleontólogo responsável por este estudo que foi publicado na revista Nature Communications.

“Dentro dos diversos projetos de investigação que temos estado associados ressalta um em especial que tem a ver com o evento anóxico oceânico do Toarciano inferior que é um acontecimento que remonta aos cerca de 182 milhões de anos, durante o período Jurássico”, explica.

Em Peniche existe um vasto registo de fragmentos carbonosos ao longo da sucessão de rochas do período Jurássico. Esses fragmentos são restos vegetais fósseis queimados que mostram evidências de fortes incêndios, nos intervalos que enquadram o evento anóxico oceânico.

A partir destas evidências, Luís Vítor Duarte levanta a hipótese de estes incêndios serem um indício de que este evento anóxico oceânico terá sido provocado por um período de vulcanismo intenso que terá durado cerca de um milhão de anos.

“Podemos através daquilo que é o registo geológico fazer uma discussão sobre as diversas vareáveis e a interação dos diversos subsistemas terrestres, portanto, quando nós estamos a falar das extinções, quando nós estamos a falar do efeito do vulcanismo, quando nós estamos a falar destas variáveis geoquímicas, nós podemos fazer uma discussão alargada sobre a interligação dos diversos sistemas e percebemos as diversas relações de causa e efeito”, acrescenta.

Este vulcanismo terá então provocado a amplificação do efeito estufa, e o impacto desse efeito estufa na temperatura da água do mar terá levado a um excesso de dióxido de carbono (CO2) na água, levando à extinção de várias espécies marinhas.

Luís Vítor Duarte alerta que este evento pode ter um paralelismo com as alterações climáticas hoje em vigor e que, se nada for feito para as travar, podemos estar novamente perante um episódio de extinção a nível global. Como o próprio diz, “nada melhor do que conhecer o presente através do passado”.

Saiba mais sobre o investigador em: Linkedin | Researchgate | FCTUC

Scroll to top