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Ep. 511 André Tadeu – Consumidores de drogas a céu aberto na cidade do Porto recorrem pouco ao Centro de Saúde

December 10, 2018

ep511_interiorApesar de 85% dos consumidores de drogas de alto risco a céu aberto da cidade do Porto utilizarem os serviços de saúde com alguma regularidade, esta população recorre mais frequentemente a serviços de saúde especializados e não ao seu centro de saúde.​


André Tadeu, médico interno de saúde pública e investigador no Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto (ISPUP), desenvolveu um estudo que visava caracterizar a população de consumo de drogas de alto risco a céu aberto na cidade do Porto assim como os níveis de acesso dessa população aos serviços de saúde.

“A principal conclusão deste estudo é que a grande maioria das pessoas que nós entrevistámos com estes consumos e neste contexto tinham ido pelo menos uma vez aos serviços de saúde. Nos últimos doze meses cerca de 85% da amostra tinha ido a um serviço de saúde”, revela.

Embora estes números sejam animadores, esta percentagem elevada acontece devido a estes terem recorrido a dois serviços principais, aos serviços de especialidade hospitalar e aos cuidados especializados, negligenciando o centro de saúde.

Para André Tadeu, esta baixa proporção de pessoas que utilizaram o centro de saúde nos últimos dose meses é um problema. Ao recorrer apenas aos serviços especializados, esta população está a descurar os cuidados de saúde básicos para a prevenção, diagnóstico e monitorização de doenças como o cancro, hipertensão, doenças neurodegenerativas, diabetes, doenças cardíacas e outras doenças comuns ao resto da população portuguesa que, ao contrário do que acontecia no passado, são hoje a principal causa de morte destes indivíduos.

“Esta baixa proporção de pessoas que utilizaram o centro de saúde nos últimos doze meses é um problema, e é um problema porque primeiro a maioria da amostra, 51% da amostra, tinha acima de 45 anos. Depois, as pessoas com este tipo de consumos já não morrem pelas mesmas razões que morriam como há 15 anos atrás, por consequências diretas ou indiretas do consumo, por overdose, por hepatite C, ou por infeções de VIH que não eram tratadas. Morrem principalmente por doenças cerebrovasculares, cardíacas, doenças oncológicas e infeções respiratórias agudas”, alerta.

Por esse motivo, André Tadeu reforça que a estratégia atual deve passar por tentar aproximar esta população com consumos de drogas de alto risco a céu aberto aos cuidados de saúde primários.

Saiba mais sobre o investigador em: ISPUP

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