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Ep. 78 Ester Serrão – Diversidade genética das Florestas Marinhas afetada pelas alterações climáticas

March 09, 2017

ep078_interiorHabituadas a águas mais frias, as florestas marinhas de águas castanhas existentes na Península Ibérica estão hoje ameaçadas pelo aumento da temperatura da água do mar.​


As grandes algas marinhas são a casa para diversas espécies de peixes e invertebrados marinhos. Ester Serrão, bióloga marinha do Centro de Ciências do Mar (CCMAR) na Universidade do Algarve (UAlg), está a estudar a diversidade genética das grandes algas marinhas a baixo do nível de espécie, com o objetivo de identificar as formas como as diferentes populações destas algas se adaptaram ao meio-ambiente.

“Estudamos a diversidade que existe a baixo do nível de espécie nas espécies de grandes algas marinhas que são estruturantes do ecossistema, ou seja, espécies que criam florestas debaixo de água das quais dependem muitas outras espécies, e das quais depende muita biodiversidade”, explica.

Segundo a bióloga marinha, dentro de cada espécie existem populações diferentes que têm adaptações ao meio-ambiente onde estas vivem ao longo de toda a sua distribuição. Estas algas são espécies que ocorrem em águas frias e temperadas e em condições que vão desde o ártico até à Península Ibérica.

A Península Ibérica tem uma forte relevância para as populações de grandes algas marinhas pois, para muitas espécies, é aqui que se encontra o limite mais quente para a sua distribuição. “Com alterações climáticas futuras em que se prevê alterações da temperatura superficial das águas, o limite mais quente da distribuição destas espécies e de todas as outras será possivelmente o primeiro a ser afectado. Estamos no limite em que as águas serão mais quentes, isto poderá tornar-se desfavorável, poderá causar a extinção de populações locais”, alerta.

Ester Serrão explica que embora a espécie não se extinga por continuar a ocorrer em zonas mais frias, ao desaparecer de certas zonas, como a Península Ibérica, corremos o risco de perder populações com uma diversidade genética específica a estas regiões e únicas no Mundo.

Estas algas têm a função de estruturar ecossistemas, o que leva a que o seu desaparecimento não ponha apenas em causa a sobrevivência das algas, mas também a dos animais que delas dependem.

“Estas algas são um exemplo do que ocorre ao nível de toda a biodiversidade marinha em geral, nós estudamos estas algas porque realmente têm essa função muito importante de estruturar os ecossistemas e de formar florestas das quais depende todo o ecossistema associado”, conclui.

Saiba mais sobre a investigadora em: LinkedinResearchgate | CCMAR

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