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Ep. 98 António Portugal – Estudar os microrganismos que habitam os monumentos de Coimbra para melhorar esforços de preservação

April 06, 2017

ep098_interiorO projecto Mycostone está a estudar a biodeterioração da pedra em monumentos do Património Mundial da UNESCO da Universidade de Coimbra.​​


António Portugal, investigador do Centro de Ecologia Funcional (CFE) da Universidade de Coimbra, coordena este estudo que tem também como foco catalogar as diversas espécies de fungos, bactérias, microalgas e outros microrganismos responsáveis pela biodeterioração nestes monumentos.

A biodeterioração descreve um conjunto de processos biológicos com origem em microrganismos como fungos, bactérias e microalgas, que são responsáveis pela degradação da pedra em monumentos históricos. O exemplo mais comum deste processo são as manchas escuras que surgem com alguma regularidade em monumentos cobertos por pedra calcária.

Com experiência na biodeterioração de documentos guardados em arquivo, mais concretamente, documentos em papel e pergaminhos, a equipa de António Portugal, está agora dedicada à aplicação de métodos similares de restauro em património edificado, como os monumentos classificados em 2013 pela UNESCO como Património da Humanidade, dentro da Universidade de Coimbra – Alta e Sofia.

“O projeto Mycostone assenta no estudo da biodeterioração em pedra por vários tipos de microorganismos, fungos, bactérias e microalgas como agentes de biodeterioração em vários tipos de calcário, essencialmente calcário dolomítico e calcário de betumes, os calcários mais brancos e mais moles”, explica.

Através dos trabalhos iniciados na Sé Velha de Coimbra, um dos monumentos mais emblemáticos da cidade, a equipa de António Portugal, já conseguiu isolar mais de 300 espécies de microfungos, algumas centenas de bactérias, e dezenas de microalgas. “Pensamos que já temos aqui algumas espécies novas para a ciência, queremos caracterizar muito bem a epi e a endo colonização por parte destes organismos nestes substratos rochosos, e também tentar verificar a hipótese de que restauros recentes possam de alguma forma condicionar futuras recolonizações”, conta.

António Portugal explica que ao retirar comunidades existentes de microrganismos que de alguma forma possam estar em equilíbrio num determinado substrato rochoso, corremos o risco de criar um novo ambiente propício ao ataque por novas espécies mais agressivas que se podem ali instalar e assim destruir todo o trabalho de restauro.

O projeto Mycostone tem a duração de três anos e é financiado pelo programa Portugal 2020.

Saiba mais sobre o investigador em: Google Scholar | U. Coimbra

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