Espécies invasoras como o caranguejo azul e a Corvinata-real estão a ter um forte impacto nos nossos ecossistemas.
Paula Chainho, professora da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL) e investigadora no MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente, está a estudar a dispersão e o impacto de espécies invasoras nos rios e estuários do sul de Portugal.
A questão das espécies invasoras, ou das invasões biológicas, é um problema cada vez mais premente no sentido em que a taxa de novas introduções, ou seja, o número de novas espécies que chegam a locais onde elas não existiam naturalmente, é cada vez maior.
Por exemplo, a taxa de novas introduções de espécies marinhas e estuarinas em Portugal é neste momento de cerca de duas novas espécies por ano.
Um exemplo de uma espécie não indígena com impacto nos nossos ecossistemas é o caranguejo azul.
O caranguejo azul apareceu no estuário do Tejo na década de 1970 e no Sado foram capturados alguns exemplares ao longo dos últimos anos, mas nunca foi uma espécie muito abundante.
No entanto, na última década, esta espécie começou a aparecer no Algarve e agora tem proliferado para norte, em particular para o estuário do Mira onde também já foram encontrados muitos exemplares.
Este é um caranguejo que está a causar enormes impactos em Itália a nível das aquaculturas, pois ele alimenta-se das amêijoas produzidas em aquacultura.
Segundo Paula Chainho, em Portugal ainda não existem impactos visíveis, mas provavelmente estes irão chegar.
Outra espécie que está a seguir o mesmo trajeto que o caranguejo azul é a Corvinata-real.
A Corvinata-real é um peixe originário da América que começou a dispersar-se do Algarve para norte e neste momento já existe uma população completamente instalada no estuário do Tejo.
Este peixe é um competidor voraz em relação a outras espécies, porque se alimenta de zooplâncton, mas também de peixes, como sargos, anchovas, e biqueirão, competindo diretamente por alimento com as espécies nativas.
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