Os peixes limpadores são pequenos peixes que existem em todos os oceanos do nosso planeta e que vivem em pequenos territórios chamados estações de limpeza.
José Ricardo Paula, investigador no MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), está a estudar o papel dos peixes limpadores na biodiversidade dos recifes no âmbito do projeto ATLANTICDIVERSA.
Nas estações de limpeza os peixes limpadores tentam atrair os restantes peixes que existem à volta nos recifes. Estes peixes podem ser encontrados em recifes temperados ou tropicais, e em várias áreas do oceano.
Estas estações de limpeza funcionam como uma lavagem automática para peixes. Os peixes entram nela à procura de um serviço de limpeza, para remover algas e parasitas que se encontram nas suas escamas, e é isso que os peixes limpadores fazem, daí o seu nome.
Para estudar o papel dos peixes limpadores nestes ecossistemas o projeto ATLANTICDIVERSA começou por aplicar uma abordagem de ciência cidadã que permitiu que vários mergulhadores um pouco por todo o mundo, contribuísse com dados sobre a diversidade dos peixes que eles encontram nos seus mergulhos através de uma plataforma online.
Numa segunda fase deste projeto foram selecionadas algumas zonas de teste onde os peixes limpadores foram removidos para verificar qual o efeito da sua remoção na biodiversidade local.
Por fim, numa terceira fase, a equipa de José Ricardo Paula está a tentar perceber se estes peixes, de facto, agregam biodiversidade, e se é possível usar esta informação como uma ferramenta para a conservação destes ecossistemas.
Para tal, está a ser desenvolvida uma câmara que será colocada debaixo de água em permanência a enviar imagens para a internet. A ideia passa por utilizar ferramentas de inteligência artificial para monitorizar a biodiversidade ao pé destas estações de limpeza, já que estas são o ponto onde todos os peixes se agregam diariamente.
“Temos já uma destas câmaras instalada no Havaí, graças a uma parceria com a Universidade do Havaí. Temos também já o sistema de inteligência artificial a funcionar e a detetar peixes nesta região com sucesso. Esperamos até ao final do ano fazer o mesmo em Portugal e noutras zonas do Atlântico”, conta.
O projeto ATLANTICDIVERSA – Use emergent technologies to understand the role of cleaning mutualisms in Atlantic biodiversity conservation é financiado pela Fundação Luso-Americana – Para o Desenvolvimento (FLAD).
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