As poeiras do Saara transportam nutrientes e minerais importantes para os ecossistemas marinhos.
Catarina Guerreiro, investigadora no MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), está a estudar o impacto da deposição de poeiras provenientes do deserto do Saara na superfície do oceano.
“O meu trabalho é largamente dedicado ao estudo e à investigação dos impactos ecológicos e biogeoquímicos associados à deposição de poeiras eólicas provenientes dos grandes desertos continentais na superfície do oceano”, reforça.
Regiões desérticas como o deserto do Saara no norte de África são uma grande fonte de poeiras emitidas para a atmosfera. Estas poeiras são depois transportadas para o Oceano Atlântico e para as Américas pelos ventos alísios, ventos com uma direção e intensidade constantes que sopram ao longo de todo o ano.
Estas poeiras transportam consigo nutrientes como o ferro e o fósforo que têm o potencial de fertilizarem o fitoplâncton marinho que vive na zona fótica do oceano, a camada mais superficial deste ecossistema.
Catarina Guerreira está interessada em perceber se as poeiras atmosféricas podem funcionar com uma fonte alternativa de nutrientes no contexto de um oceano cada vez mais quente e de uma bomba biológica mais fraca devido ao impacto das alterações climáticas.
Recentemente, o trabalho desenvolvido por esta equipa encontrou evidências que suportam esta hipótese com base na observação do aumento da abundância de determinadas espécies de nanoplâncton calcário e de natureza mais oportunista em resposta à deposição de nutrientes provenientes das poeiras do Saara.
“Isto faz-nos pensar que de facto as poeiras podem ter um papel importante enquanto fonte alternativa de nutrientes para a produtividade oceânica no contexto do aquecimento climático”, revela.
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