Desde o opus signinum da era romana ao cimento usado no Teatro Nacional de São João no Porto, esta investigadora dedica o seu trabalho a estudar as propriedades destes materiais de construção antigos para os replicar em obras de reabilitação.
Ana Velosa, professora e investigadora na Universidade de Aveiro (UA), estuda métodos de produção de materiais de construção antigos com o objetivo de desenvolver soluções para a reabilitação de edifícios históricos.
“A minha investigação baseia-se no estudo de materiais de construção antigos desde a época romana até ao século XX. Este trabalho tem várias vertentes, por um lado para nós sabermos algo sobre os materiais antigos precisamos de fontes bibliográficas que nos ajudam a perceber como é que os materiais eram feitos, e por outro lado temos também uma componente científica para identificar as propriedades desses mesmos materiais”, conta.
Ana Velosa usa técnicas de espectroscopia de massa e de análise química e estrutural para identificar as propriedades destes materiais.
Como as técnicas antigas de produção destes materiais nem sempre podem ser copiadas, é necessário encontrar materiais com propriedades análogas que permitam fazer uma reabilitação o mais autêntica possível de edifícios históricos.
As intervenções de reabilitação necessitam de conhecimento base para poderem ocorrer de uma forma que garanta compatibilidade entre materiais novos e materiais antigos
Por exemplo, no caso do opus signinum romano, um material de construção feito a partir de telhas partidas em pedaços muito pequenos, misturados com argamassa, o tijolo era cozido a uma determinada temperatura, no entanto, como a cal usada na época é diferente daquela a que hoje temos acesso, mesmo seguindo a receita do processo antigo o material produzido nunca será igual.
“Outro exemplo é o Teatro Nacional de São João no Porto que foi construído no início do século XX. O cimento que nós temos hoje em dia não era o cimento que era utilizado na época. Nestes casos é preciso primeiro conhecermos muitíssimo bem estes materiais e depois numa segunda fase utilizar materiais que existem hoje em dia que são diferentes mas que geram características similares aos materiais que eram utilizados na altura”, explica.
É importante que as soluções encontradas garantam a autenticidade do espaço e que se comportem de uma forma compatível com o resto da construção para que o edifício não seja degradado pelas obras de reabilitação.
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