ciências do mar,
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Ep. 1545 Filipe Costa – Estudo avalia a presença de mercúrio em amostras de peixe e de marisco na costa portuguesa

April 28, 2023

Foram estudadas amostras de peixe-espada preto, atum, espadarte, tubarão azul, salmão, tainha, mexilhão, e amêijoa. 


Filipe Costa, estudante de doutoramento e membro do Marine Research Lab do Centro de Ecologia Funcional (CFE) da Universidade de Coimbra (UC), realizou um estudo que pretendeu avaliar a quantidade de mercúrio presente em amostras de peixe e marisco da costa portuguesa.

Portugal é um dos maiores consumidores de peixe a nível mundial, com cada português a consumir cerca de 58 kg de peixe por ano. Este número coloca Portugal no primeiro lugar a nível europeu e em terceiro lugar a nível mundial no que diz respeito ao consumo de peixe por habitante.

“O consumo de peixe tem muitos benefícios para a saúde pois são fontes essenciais de proteínas, vitaminas, minerais, e de ácidos gordos essenciais, mas também acarreta alguns riscos devido à presença de contaminantes como é o caso do mercúrio que é um elemento prejudicial para a saúde humana”, conta.

O principal objetivo deste estudo foi avaliar a fração bioacessível de mercúrio em amostras de peixe e de marisco ao longo da costa portuguesa.

O mercúrio bioacessível é aquele que está presente nos tecidos dos animais e que pode ser consumido e assimilado pelo nosso organismo.

Para conhecer o nível de mercúrio bioacessível nestas amostras foram utilizados diferentes métodos de extração in vitro. Foi também avaliado o impacto de diferentes métodos de confeção, como o cozer, o fritar, e o grelhar, nos níveis de mercúrio bioacessível destas amostras.

Os resultados mostraram que todos os métodos de confeção reduziram entre a 10 a 40% o nível de mercúrio bioacessível, com o fritar a apresentar os melhores resultados.

A justificação para a redução da fração de mercúrio bioacessível pode ser explicada pela perda de água e de peso durante o processo de confeção, mas também devido ao tratamento térmico que leva à quebra das ligações entre as proteínas do peixe e o mercúrico.

“O mercúrio é um contaminante que se agrega a proteínas mas com o aumento da temperatura ocorre uma quebra dessas ligações o que leva à formação de frações insolúveis de mercúrio”, explica.

Os resultados deste estudo sugerem que as pessoas devem moderar o seu consumo de peixe e de marisco. Foram também deixadas recomendações para melhor adequar a legislação vigente aos níveis de mercúrio detetados nestas espécies.

Saiba mais sobre o investigador em: Linkedin | Researchgate | FCTUC

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