O elevado número de animais mortos por atropelamento nas estradas portuguesas deu origem ao projeto LIFE-Lines, que procura soluções sustentáveis tendo em vista a criação de uma rede de infratestruturas que facilite a passagem dos animais pelas estradas, evitando os atropelamentos.
António Mira, professor de Mamalogia e Biologia da Conservação na Universidade de Évora (U. Évora) e investigador no grupo de Ecologia do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (cibio-ue), Pólo de Évora, é o responsável pelo projeto LIFE-Lines, que procura soluções ecológicas para a criação de infraestruturas que permitam a passagem de animais nas estradas e evitem os atropelamentos.
“Quando em 1994 comecei a trabalhar no Parque Natural da Serra de São Mamede e fazia deslocações frequentes em Montemor e Portalegre, comecei a aperceber-me que nestes cento e poucos quilómetros de estrada encontrava muitos animais atropelados de todos os tipos – morcegos, passarinhos, corujas, texugos, lontras – e não era um nem dois”, começa por contar o investigador. Esta situação levou António Mira a realizar um estudo piloto nesse Parque de forma a avaliar a quantidade de animais que eram atropelados e quais eram as características da paisagem que favoreciam e que não favoreciam os atropelamentos. Foi este primeiro estudo que forneceu a informação importante e fundamental para que o investigador e o seu grupo pudessem concorrer a um projeto LIFE Natureza e Biodiversidade.
E nasceu assim o projeto LIFE-Lines, um projeto que estuda e cria uma rede de infraestruturas lineares com soluções ecológicas. O investigador dá dois exemplos, o das estradas, “poderia simplesmente ser barreiras para impedir que os animais cheguem ao asfalto e direcioná-los para locais de passagem segura”, explica, e o das “passagens hidráulicas, que são aquelas passagens usadas para o escoamento da água muitas vezes nas várias estradas e que permitem que mesmo nas alturas de maior alagamento haja possibilidade de os animais terem um local seco para passarem”, elucida António Mira. Estas soluções já provaram ser fundamentais para algumas espécies uma vez que utilizam estas passagens e reduzem o risco de atropelamento.
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