ciências da comunicação,
90 seg

Ep. 1896 José Ricardo Carvalheiro – Projeto avaliou o impacto do cinema na transformação das salas de espetáculo no início do século XX

December 02, 2024

Esta investigação procurou compreender como a introdução desta tecnologia mudou o comportamento do público.


José Ricardo Carvalheiro, professor no Departamento de Comunicação da Universidade da Beira Interior (UBI) e investigador no LabCom – Comunicação e Artes, estudou como o cinema transformou as salas de espetáculo no início do século XX.

Entre o final do século XIX e o início do século XX, o aparecimento do cinema trouxe consigo a transformação de muitas salas de teatro e de espetáculos ao vivo em salas de cinema.

À primeira vista, há o pressuposto de que o aparecimento do filme é uma transformação brusca e evidente na forma de experienciar a vida, através de um novo meio. Aquilo que se pode chamar da mediatização da experiência, ou seja, que o aparecimento do cinema parece ser uma coisa muito poderosa.

É verdade que essa tecnologia introduz grandes transformações, mas aquilo que se passa na realidade, é que ela se insere numa corrente de transformação que já se tinha iniciado desde meados do século XIX no teatro, e que visava transformar o público ativo, sociável e interactivo, num público passivo.

Enquanto hoje a experiência de ir ao cinema é caracterizada por uma sala escura e silenciosa com um público passivo, no início o público comportava-se de uma forma mais ativa, conversando, interagindo e reagindo com as ações que apareciam na tela.

Aos poucos esta tendência foi sendo alterada, fixando as cadeiras ao chão, reduzindo a iluminação da sala, e até colocando agentes para silenciar os espetadores mais irrequietos.

“Isto leva-nos a perceber que essa ideia de uma experiência mediatizada, de estar numa sala de espetáculos para viver, sobretudo, uma vivência vicária através dos personagens e dos atores, é algo que se vai intensificando, não só com a ajuda do filme, mas também com outros mecanismos de transformação cultural e social que vão transformando aquilo que é a audiência, que é o público numa sala de espetáculos, e que o vão tornando mais consumidor e menos participante”, conclui.

Saiba mais sobre o investigador em:  Researchgate | Google Scholar | UBI | LabCom

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