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90 seg

Ep. 20 José Afonso – À descoberta dos segredos da formação e evolução das galáxias

December 19, 2016

ep020_interiorO conjunto de factores que levam à formação de uma galáxia está ainda por desvendar. O desenvolvimento de novos radiotelescópios pode dar-nos a resposta entre os próximos cinco a dez anos.


José Afonso, investigador no Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço (IA), dedica o seu trabalho à procura dos segredos que o Universo primordial guarda sobre a formação e a evolução das galáxias.

Mas como podem as observações do espaço ajudar-nos a encontrar essa resposta? José Afonso explica que ao olharmos por um telescópio estamos a ver uma fotografia do passado do Universo. “Olhar para o Universo é de facto olhar para o passado. Quando olhamos para o céu nocturno estamos a observar estrelas que estão a dez ou vinte anos-luz, isto quer dizer que a luz demorou esse tempo a chegar até nós. As distâncias são de facto imensas.”

Segundo o astrofísico, quando olhamos para galáxias estamos a olhar para objetos que existem, mas estamos a vê-los tal como eles eram há milhões de anos atrás. Entre as várias teorias existentes sobre a formação das galáxias, José Afonso descreve que as primeiras fases do nascimento de uma galáxia podem ter origem na acreção de matéria e na queda de material gasoso para um buraco negro gigantesco, que depois irá levar à formação de uma galáxia.

“Como se forma este primeiro buraco negro? Poderá ser um remanescente do Big Bang, da própria criação do universo. Poderá ter origem na morte de uma das primeiras estrelas. Essas primeiras estrelas ao morrerem deixam para trás buracos negros que podem ser, então, as sementes que vão levar à formação de uma galáxia”, explica. O investigador descreve também outra hipótese que refere o papel do colapso de gás sobre a acção da gravidade, como possível responsável. “Esse colapso de gás, origina a formação de um buraco negro gigantesco que depois então vai dar origem ao aparecimento de uma galáxia à sua volta”. Contudo, segundo José Afonso, ainda não existe conhecimento suficiente para comprovar alguma destas hipóteses: “Não conhecemos ainda as primeiras fases do nascimento de uma galáxia e esse é um objectivo para as observações dos próximos cinco ou dez anos.”

O desenvolvimento de radiotelescópios, telescópios capazes de obervar o Universo através de radiofrequências, assim como telescópios de Raio-X ou de Infravermelhos, podem ser a chave para decifrar este mistério.

“Conseguimos observar o Universo e as galáxias através de telescópios ópticos. Mas há também telescópios para Raio-X, infravermelhos ou radiofrequências. Sabemos que grande parte da evolução de uma galáxia só é apreendida se observarmos nessas outras frequências. Em radiofrequências nós conseguimos observar galáxias que são ricas em poeira, e cuja radiação óptica não sai delas porque é absorvida por essa poeira. Para observá-las precisamos de recorrer a radiotelescópios. Eles mostram-nos facetas das galáxias que são completamente desconhecidas quando observamos no óptico.”

O astrofísico realça a importância de juntar os dados destes diferentes tipos de telescópios para nos ajudar a fazer a imagem do passado de uma galáxia. “É muito importante observar também nestas outras frequências, em diferentes comprimentos de onda e radiações, para podermos perceber aquilo que é uma galáxia, como esta evolui e, em último caso, como se forma.”

Saiba mais sobre o investigador em: LinkedIn | ResearchGateIA

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