As acácias são espécies de árvores nativas da Austrália que são consideradas invasoras no nosso país.
Verónica Ferreira, investigadora no MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente na Universidade de Coimbra (UC), está a estudar o impacto das acácias nos ecossistemas ribeirinhos da Serra da Lousã.
A invasão da Serra da Lousã por acácias é um problema que se tem vindo a agravar nos últimos 20 anos. Por esse motivo, a equipa de Verónica Ferreira começou a questionar sobre que impacto a substituição da floresta nativa dominada por castanheiros e por carvalhos, por espécies originárias da Austrália, poderia ter nos rios e nos ribeiros desta região.
Para responder a esta questão foram selecionados ribeiros na Serra da Lousã em zonas de floresta nativa e em zonas de floresta invadida por acácias, em particular pela Acácia dealbata, também conhecida por mimosa.
Nestes ribeiros foi avaliada a produção de detritos vegetais em ambos os tipos de floresta, tanto na floresta nativa, como na floresta invadida por mimosas, porque os detritos vegetais produzidos pelas florestas ribeirinhas estão na base das cadeias alimentares aquáticas.
Foi avaliada a qualidade da água, em termos das concentrações de nutrientes, e foi feita uma análise das comunidades aquáticas, tanto das comunidades de microorganismos e de fungos aquáticos, como as comunidades de macroinvertebrados, os organismos que habitam no fundo dos rios, entre as areias e as folhadas.
“Avaliámos também o processo da decomposição dos detritos vegetais. Processo este que é fundamental, uma vez que sustenta as teias alimentares aquáticas”, acrescenta.
O importante agora é perceber se estas alterações que foram observadas na produção de detritos, na qualidade da água, nas comunidades aquáticas, e no funcionamento do ecossistema, afetam os serviços que estes ribeiros prestam às populações, quer em termos de quantidade como de qualidade da água.
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