
O borrelho-de-coleira-interrompida é uma ave que se reproduz nas praias e em zonas húmidas costeiras. Esta ave ocorre ao longo de toda a costa portuguesa e também em outras regiões do Atlântico e do Mediterrâneo.
Jaime Ramos, investigador no MARE – Centro de Ciências do Mar e do Ambiente e professor no Departamento de Ciências da Vida da Universidade de Coimbra (UC), está a estudar o papel das zonas húmidas no ciclo de vida do borrelho-de-coleira-interrompida.
Como se trata de uma das poucas espécies que se reproduz nestas zonas, o borrelho pode ser usado como uma espécie “guarda-chuva” para representar outras espécies de aves, como a andorinha-do-mar-anã, ou até mesmo insetos e plantas.
Quando existe muita perturbação na zona das praias, nomeadamente pelo veraneio, esta espécie abandona as suas posturas. Isto significa que se forem definidas zonas de proteção onde o borrelho-de-coleira-interrompida se reproduz, estamos também a dizer que estas zonas são adequadas para outras espécies selvagens.
Se para além do veraneio, forem introduzidas outras variáveis, como a erosão costeira, e o aumento do nível médio das águas do mar, é possível identificar quais as praias que estão a desaparecer e quais as regiões onde é necessário identificar zonas alternativas onde os borrelhos se possam reproduzir.
Os dados de monitorização desta espécie indicam que os borrelhos se reproduzem nas praias da região centro, usam o estuário do Mondego para se alimentar, e podem invernar nas salinas de Vila Real de Santo António e na zona de Castro Marim.
“Estes dados indicam-nos que temos que pensar todas as zonas húmidas de uma forma abrangente para que os borrelhos consigam completar o seu ciclo de vida e, simultaneamente, ajudar as outras espécies que também utilizam estas zonas”, reforça.
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