bioquímica,
90 seg

Ep. 516 Sofia Caria – Esta investigadora está a estudar como os vírus contornam os sistemas de defesa da célula

December 17, 2018

ep516_interiorQuando uma célula é infetada por um vírus esta aciona um mecanismo de autodestruição, sacrificando-se para salvar as células vizinhas. Contudo, os vírus possuem proteínas capazes de reescrever este mecanismo, impedindo assim que a célula morra.​


Sofia Caria, bióloga estrutural na La Trobe University (LTU) e no Australian Synchrotron (ANSTO) na Austrália, estuda proteínas e a sua estrutura com particular interesse nas proteínas virais e nos “truques” que estas usam para enganar a célula.

“A célula quando é infetada por um vírus prefere cometer suicídio em benefício das células que estão em seu redor. Contudo, o vírus produz uma proteína que é capaz de reescrever esse mecanismo de defesa da célula garantindo que a célula não só não morre como se multiplica e dá origem a um cancro. As proteínas do vírus atuam no fundo como cavalos de troia que após a infeção do vírus reescrevem o nosso sistema de regulação das células”, explica.

Compreender como esta proteína é capaz de enganar a célula é fundamental não só para melhorar os tratamentos de quimioterapia como para desenvolver futuras vacinas.

Para tal, Sofia Caria, trabalha com o vírus Epstein–Barr também conhecido por febre mononucleose, com sarcoma de Kaposi, um tumor comum em pacientes com SIDA, e com a polarização da célula pelo vírus do papiloma humano, o HPV.

“Neste momento, no caso do papiloma humano, ainda estamos a fazer investigação inicial. Estamos a compreender como o sistema funciona porque há vários tipos de proteínas virais e estamos a tentar perceber quais delas infectam mais e menos. Ainda estamos longe da produção de fármaco”, reforça.

A equipa de Sofia Caria já apresenta, no entanto, alguns resultados promissores no caso das proteínas de morte celular.

“Temos o que se chamam de péptidos miméticos que mais ou menos é tentar construir um composto químico que seja muito parecido à proteína humana e que se ligue em vez da proteína humana para inibir o vírus”, refere.

Estes péptidos podem um dia vir a ser usados em fármacos para bloquear a ação do vírus nas células, impedindo que estas se multipliquem e deem origem a um tumor.

Saiba mais sobre a investigadora em: Linkedin | Researchgate | twitter | GPS | LTU

Créditos Foto: Fung Lay, La Trobe University

Scroll to top