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Ep. 614 Ricardo Lima – Investigação estuda o impacto de espécies invasoras na biodiversidade de São Tomé e Príncipe

May 02, 2019

ep614_interiorPara um arquipélago com cerca de mil quilómetros quadrados, São Tomé e Príncipe apresenta uma biodiversidade ecológica muito vasta e muito pouco explorada a nível científico.​


Ricardo Lima, investigador do CE3C – Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), está a usar o arquipélago de São Tomé e Príncipe como modelo para compreender de que forma as atividades humanas têm impacto na biodiversidade.

“São Tomé e Príncipe são duas ilhas particularmente interessantes porque apesar de serem duas ilhas muito pequeninas albergam uma diversidade muito rica em endemismos, em espécies únicas que só podem ser encontradas nesse arquipélago”, conta.

Na ilha de São Tomé, Ricardo Lima está a estudar o impacto que a introdução de uma espécie exótica de búzio terrestre, o búzio vermelho, está a ter numa espécie nativa, o búzio preto.

O búzio preto não só é endémico à ilha de São Tomé, como é também uma espécie usada na alimentação da população da ilha.

“Um caso de estudo bastante interessante está relacionado com dois búzios, que são caracóis gigantes terrestres muito grandes que são utilizados na alimentação e é curioso porque têm uma espécie que é endémica e que é utilizada tanta na alimentação como com fins medicinais e uma espécie introduzida, a espécie introduzida apareceu na ilha recentemente e à medida que ela apareceu aparentemente foi substituindo a que já existia lá que era endémica, portanto, que só existia em São Tomé e Príncipe. Não só a espécie nativa foi desaparecendo como também as pessoas começaram a utilizar o búzio introduzido, que é o búzio vermelho, na sua alimentação”, revela.

O impacto do búzio vermelho é tão grande que hoje em dia é difícil encontrar uma criança na ilha que conheça, ou que sequer tenha visto um búzio preto.

“Quase nenhuma criança conhece o búzio preto, só as pessoas mais velhas é que reconhecem bem a espécie do búzio preto, portanto foi uma alteração muito rápida”, acrescenta.

Esta rápida alteração deve ser estudada não apenas com o objetivo de preservar a espécie endémica mas também com o intuito de conhecer o impacto que as atividades humanas na ilha estão a ter na sua biodiversidade.

“Isto é um exemplo muito curioso não só do ponto de vista da conservação, mas também porque é uma espécie de interesse do ponto de vista socioeconómico e também do ponto de vista de saúde pública”, reforça.

Saiba mais sobre o investigador em: Researchgate | CE3C

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