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Ep. 706 Rui Lopes – Estudo analisa o retrato de Portugal na produção cinematográfica e televisiva estrangeira durante o período do Estado Novo

October 21, 2019

ep706_interiorEste estudo está a avaliar a forma como a ditadura e o colonialismo português eram retratados pela ficção audiovisual de outros países.​


Rui Lopes, investigador do Instituto de História Contemporânea (IHC) da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa (NOVA FCSH), está a estudar cerca de 150 filmes e episódios de televisão produzidos por estúdios e realizadores estrangeiros cujo enredo se desenrolava em Portugal e no seu espaço colonial.

“A imagem do país que passava era uma imagem em que havia a associação à II Guerra Mundial, à ideia de Portugal como um espaço de espiões, de romance e de fuga para os refugiados. Um espaço de paz e até de alguma prosperidade numa Europa que estava em guerra. A partir dessa imagem vinculou-se cada vez mais por um lado a ideia que Portugal era um local romântico e que por outro lado era um local de intriga internacional”, conta.

Entre estas 150 obras de ficção destacam-se algumas como os filmes, Casablanca, 007 Ao Serviço de Sua Majestade e o Terceiro Segredo de Fátima. O enredo dos filmes e episódios de televisão analisados passava-se sobretudo em Lisboa e em Macau.

Estas obras apresentavam Portugal como um palco de espiões americanos, alemães, e soviéticos. Um espaço onde outros países travavam as suas guerras secretas, sem nunca representarem um conflito em Portugal ou que envolvesse o estado português.

Rui Lopes releva a ausência de uma representação fidedigna dos conflitos internos e externos vividos durante o Estado Novo, e da repressão quotidiana prevalente em Portugal e nas suas antigas colónias.

“Não há oposição, não há repressão, não há sequer guerras coloniais e no fundo aquilo é uma imagem que se constrói também a partir dessas grandes ausências. A ausência da miséria, a ausência, no fundo, da repressão colonial, da repressão quotidiana e a ausência da violência colonial”, reforça.

Saiba mais sobre o investigador em: IHC

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