Pólen e esporos fossilizados de plantas descobertos em Moçambique revelam que a maior extinção em massa da História da Terra ocorreu em ritmos diferentes nos continentes e nos oceanos.
Paulo Fernandes, investigador no CIMA – Centro de Investigação Marinha e Ambiental e professor na Universidade do Algarve (UAlg), está a estudar fósseis de esporos de plantas descobertos em Moçambique com o intuito de perceber o impacto que a extinção do Pérmico/Triássico teve na vida continental há 250 milhões de anos.
Há 250 milhões de anos, no final do período Pérmico, bem antes do primeiro dinossauro caminhar sob a Terra, ocorreu a maior extinção em massa na História do nosso planeta. Esta extinção, conhecida como “a grande morte”, levou ao desaparecimento de 90% dos géneros de vida marinha conhecidos.
Embora esta extinção esteja bem documentada para ambientes marinhos ainda pouco se sabe sob o impacto que ela teve nos ecossistemas continentais.
Em Moçambique afloram extensivamente rochas da idade do Pérmico e da idade do Triássico. Estas rochas apresentam um registo muito completo de ambientes continentais sem nenhuma influência marinha.
Segundo Paulo Fernandes, a informação obtida através do estudo destas rochas permite correlacionar as extinções dos ecossistemas marinhos e continentais e usá-las para determinar as diferenças nos ritmos de extinção do final do Pérmico entre estes dois ecossistemas.
Para determinar estas diferenças Paulo Fernandes vai olhar para os fósseis de pólen e de esporos de plantas que ocorrem nas rochas de Moçambique.
Os estudos já realizados no âmbito do trabalho deste projeto permitem concluir que os ambientes continentais e a flora não mudaram na fronteira entre o Pérmico e o Triássico.
Estes dados levantam a hipótese de os ecossistemas continentais do Pérmico terem sido mais resistentes, e de terem até mesmo sobrevivido à extinção que ocorreu no final deste período.
Saiba mais sobre o investigador em: Linkedin | Researchgate | UAlg