Esta investigação desenvolveu um algoritmo capaz de detetar e quantificar a presença de microplásticos em amostras de água e de areia.
Joana Prata, estudante de doutoramento da Universidade de Aveiro (UA), está a desenvolver métodos para a deteção de microplásticos em diferentes matrizes.
Os microplásticos são um problema ambiental recorrente. Nós utilizamos muito plástico no nosso dia-a-dia e à medida que esse plástico vai sendo degradado, vão sendo libertados microplásticos para o ambiente.
Os microplásticos são partículas de plástico de dimensões inferiores a cinco milímetros. Estes microplásticos ao estarem no ambiente podem ser ingeridos por diferentes animais, afectando a sobrevivência dos ecossistemas, e podem chegar até nós através da nossa alimentação. Torna-se assim necessário desenvolver métodos que permitam identificar e contabilizar o volume de microplásticos num determinado ecossistema.
Joana Prata desenvolveu um método baseado no Vermelho do Nilo um corante lipofílico que se liga a gorduras que permite identificar a presença de microplásticos numa amostra de água ou de areia.
Segundo a investigadora, como os plásticos também são lipofílicos este corante consegue ligar-se às partículas de microplásticos.
“Nós trouxemos amostras ambientais, por exemplo, de água ou de areia, e filtrámos as soluções que ficam no filtro e aí aplicámos primeiro uma digestão para remover a matéria orgânica que também poderia ser corada e ficámos só com a matéria inorgânica e os plásticos. A partir daí coramos a amostra com Vermelho do Nilo e os plásticos ficam com esse corante na sua superfície”, explica.
Contudo, mesmo sendo possível identificar os microplásticos, é difícil contabilizá-los a olho nu. Para resolver este problema está a ser desenvolvido um algoritmo capaz de quantificar de forma automática o número de microplásticos presentes numa amostra.
“Pegámos num programa que já existia que é o ImageJ que é usado para o processamento de imagens e criámos um algoritmo que funciona dentro desse programa e que quantifica estes plásticos florescentes”, revela.
A partir de uma fotografia digital da amostra este software consegue contar e identificar as partículas de microplástico presentes nessa amostra e determinar se se trata de uma fibra, de um fragmento, ou de uma partícula.
“Assim temos uma forma rápida de quantificar os microplásticos nas amostras ambientais e de sabermos o que está no nosso ambiente e o que está também em contacto connosco”, conclui.
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