Este sistema usa a tipografia para registar em texto a entoação, a intensidade, e as pausas de uma voz gravada.
João Couceiro e Castro, designer e investigador no Centro de Informática e Sistemas da Universidade de Coimbra (CISUC), desenvolveu a Máquina de Ouver com o objetivo de representar visualmente a expressividade da fala usando tipografia.
A Máquina de Ouver que é um sistema que analisa ficheiros de voz e que através de um conjunto de regras visuais simples, escreve o texto que é dito manipulando cada letra de acordo com as alterações no som.
“Isto torna visível algo que até então só conseguíamos ouvir, daí o conceito de ‘ouver’”, refere.
Este sistema mede as alterações na altura, se a voz está mais grave ou mais aguda, as variações de intensidade, se estamos a falar mais alto ou mais baixo, e tem em conta as pausas no discurso.
“Numa das experiências que fizemos usámos interpretações de poesia e é muito interessante ver o texto tipográfico a reagir visualmente em tempo-real ao que está a ser ouvido no poema. O mesmo pode ser feito com discursos políticos, por exemplo, o que nos dá toda uma nova camada para analisar de que forma é que a manipulação da fala influencia a mensagem”, salienta.
Este projeto participou recentemente no Festival Internacional de Moscovo, o Typomania, com um vídeo no qual a Máquina de Ouver transcreve o poema “A Cantiga dos Ais” de Armindo Mendes de Carvalho, lido por Mário Viegas. A Máquina de Ouver foi um dos vencedores deste festival, que contou com a participação de cerca de 500 concorrentes.
A Máquina de Ouver foi desenvolvida no âmbito da dissertação de João Couceiro e Castro no programa de Mestrado em Design e Multimédia da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).
Saiba mais sobre o investigador em: CISUC