Ao longo deste período terá prevalecido uma ideia romântica sobre o passado medieval.
Pedro Martins, investigador no Instituto de História Contemporânea (IHC) da Universidade Nova de Lisboa (UNL) e da Universidade de Évora (UÉ) e investigador associado no Centro de História da Universidade de Lisboa (CHUL), está a estudar as representações e os usos do passado medieval de Portugal durante a primeira metade do século XX.
No seu doutoramento, Pedro Martins estudou estas representações entre 1890 e 1947 e concluiu que ao longo deste período prevaleceu uma ideia essencialmente romântica sobre o passado medieval que se relacionava também com uma ideia de decadência nacional. Ideia essa que foi muito importante na construção do regime político que deu origem ao Estado Novo.
No entanto, este tipo de discurso antecede o Estado Novo e pode ser encontrado já no século XIX em Alexandre Herculano e em outros historiadores, responsáveis por definir a ideia de decadência nacional, e da idade média como uma época muito importante e fundadora da História de Portugal.
Entre os diversos autores estudados ao longo do seu trabalho de doutoramento, Pedro Martins destaca a obra ‘História de Portugal’ de Oliveira Martins
“Para mim a obra paradigmática é a História de Portugal de Oliveira Martins. Oliveira Martins foi um intelectual do século XIX da geração de 70 que vai buscar muito a Alexandre Herculano e a outro autor seu contemporâneo que é Antero de Quental, autor do célebre discurso ‘Conferência do Casino: As causas da decadência dos povos peninsulares’”, conta.
Para Pedro Martins este discurso é um bom exemplo da forma como a idade medieval era representada durante este período.
“A análise deste discurso costuma focar-se nas causas da decadência de Portugal e Espanha, mas no início do discurso Antero de Quental faz uma apologia do período medieval na Península Ibérica, e acho que nesse sentido é um texto muito muito revelador”, reforça.
Saiba mais sobre o investigador em: Researchgate | IHC
Related Episodes
