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Ep. 1081 Miguel Castelo-Branco – Investigação estuda plasticidade do cérebro na fase inicial da doença de Parkinson

May 03, 2021

ep1081_interiorEste estudo está a avaliar a capacidade que o cérebro tem de se organizar perante lesões ou doenças neurodegenerativas.


Miguel Castelo-Branco, investigador no CIBIT – Coimbra Institute for Biomedical Imaging and Translational Research sediado no ICNAS – Instituto de Ciências Nucleares Aplicadas à Saúde da Universidade de Coimbra (UC), está a estudar a capacidade do cérebro em se adaptar à perda de funções cognitivas nos estádios iniciais da doença de Parkinson.

A doença de Parkinson é uma doença neurodegenerativa que persiste durante muitos anos e que pode levar ao défice cognitivo.

Neste estudo estão a ser combinados diferentes métodos funcionais de imagem para observar como o cérebro responde a esta doença em pacientes numa fase ainda inicial da doença de Parkinson.

Os participantes neste estudo tinham que executar simples tarefas que envolviam movimentos oculares, uma função que na doença de Parkinson se encontrada alterada em fases precoces da doença.

“Observámos essencialmente duas coisas. Numa fase muito precoce o circuito que comanda os movimentos tem atividade diminuída e é isto que leva à incapacidade de produzir movimentos. Vimos aqui que a parte mais posterior do cérebro, a parte mais visual aumenta a sua atividade de uma forma compensatória para tentar dessa forma reduzir o défice funcional associado à incapacidade de produzir esses movimentos”, revela.

Isto significa que nas primeiras fases da doença, o cérebro dos pacientes ainda é capaz de se reorganizar de forma a compensar a diminuição de atividade nas zonas mais afectadas pela doença.

Para além de medir a actividade cerebral através de ressonância magnética, este estudo combinou uma técnica de imagem molecular que permite olhar para o receptor de uma molécula, um tipo de dopamina, que está em falta na doença de Parkinson.

Ao observar este receptor foi possível identificar uma reorganização das conexões cerebrais ao nível molecular.

“A mensagem é que se eu não consigo executar um movimento vou tornar o meu programador, neste caso o meu cérebro, mais eficiente. Nós conseguimos ver isto ao nível da atividade cerebral medida por ressonância magnética mas também a um nível molecular”, reforça.

Saiba mais sobre o investigador em: Linkedin | Researchgate | Google Scholar | UC

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